Renamo ameaça bloquear circulação no Centro de Moçambique

Antigo movimento rebelde diz que, a partir de quinta-feira, bloqueia linha de caminho-de-ferro por onde é escoado o carvão.

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Treino militar de elementos da Renamo na Gorongosa, em 2012 JINTY JACKSON/AFP

“A partir de quinta-feira, 20 de Junho de 2013, serão tomadas medidas para enfraquecer a logística dos que fazem sofrer os moçambicanos”, anunciou, segundo a AFP, o responsável pela informação da Renamo, Jerónimo Malagueta, numa conferência de imprensa, em Maputo.

O dirigente da Renamo disse que será paralisada “a circulação dos comboios” na linha férrea do Sena e o tráfego na Estrada Nacional 1, o principal eixo rodoviário do país. A linha do Sena é essencial para o escoamento da produção de carvão das minas de Moatize, na província de Tete, no Nordeste, através do porto da Beira, no Centro. Não foi explicado como será feito o bloqueio.

O partido alega que está a ser preparada uma ofensiva do Exército contra a sua base e antigo quartel-general, na serra da Gorongosa. “A Renamo vai posicionar-se para impedir a circulação de veículos de transporte de pessoas e bens, porque o Governo usa esses veículos para transportar armas e soldados à civil”, acusou Malagueta.

O porta-voz desmentiu que o ataque a um paiol das Forças Armadas em Savane, província de Sofala, na segunda-feira, tivesse sido feito por elementos da Renamo e sugeriu que, devido ao “descontentamento geral”, “outros moçambicanos” tivessem empunhado armas contra o Governo.

O ataque de segunda-feira segue-se a outras acções – em Abril, também em Sofala, um ataque a um comando da polícia atribuído a elementos da Renamo causou a morte de quatro agentes da Força de Intervenção Rápida. A sucessão de casos tem feito aumentar a tensão e a preocupação sobre a situação político-militar, quando se aproxima um período eleitoral – as eleições municipais estão agendadas para Novembro deste ano e as presidenciais para 2014. Os antigos rebeldes ameaçam boicotá-las.

Governo e Renamo têm mantido conversações, sem resultados visíveis ao cabo de seis rondas negociais. A antiga guerrilha pretende a renegociação dos acordos de paz de 1992, contesta as leis eleitorais e acusa o partido no poder, a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), de apropriação da riqueza do país.

O líder da Renamo, Afonso Dlhakama, retirou-se no ano passado para a Gorongosa e ameaçou voltar à guerra.  

Apesar da declaração desta quarta-feira, a Renamo confirmou a presença na próxima ronda das negociações que tem mantido com o Governo da Frelimo, agendada para a próxima segunda-feira, dia 24.

Analistas citados esta semana pela Reuters consideram que a Renamo terá cerca de um milhar de homens armados, mas não representa uma ameaça significativa, nem militar nem política, para a Frelimo.
 
 

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