Protestos suspendem exposição da taça do Mundial em Brasília

A 16 dias do arranque do Mundial, movimentos sociais e índios juntaram-se para tentar alcançar o Estádio Nacional de Brasília. Polícia dispersou manifestações com gás lacrimogéneo.

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A polícia dispersou os protestos com gás lacrimogéneo Evaristo Sa/AFP

A 16 dias do início do Mundial, a polícia militar e os batalhões de agentes antimotim carregaram contra perto de 1500 manifestantes, incluindo crianças e idosos, impedindo-os de alcançarem o estádio Mané Garrincha. Alguns manifestantes lançaram pedras contra os polícias que protegiam o estádio onde o troféu tinha chegado horas antes e estava já exposto ao público.

As duas manifestações de terça-feira à tarde começaram separadas – o Comité Popular da Taça manifesta-se uma vez mais contra a realização do torneio; a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil em defesa dos seus direitos à terra. Mas os 500 chefes índios que tinham acabado de protestar junto do Congresso desceram a grande avenida dos ministérios e juntaram-se aos movimentos sociais que marchavam em direcção ao estádio.

O governo federal garante que as forças de segurança agiram “dentro do protocolo previsto em casos de manifestações” e foram eficientes, tendo protegido em simultâneo os manifestantes e o grande público, “especialmente crianças, estudantes e idosos que estavam no evento de visita à Taça da Copa do Mundo”, cita o jornal O Globo.

Um chefe indígena foi detido durante a manifestação, assim como um membro do Movimento dos Trabalhadores Sem Tecto (MTST), que integra o Comité Popular da Taça. Quatro índios ficaram feridos nos confrontos com a polícia, que acusam de ter começado a violência. Um polícia militar foi atingido com uma flecha na perna.

O MTST anunciara a manifestação contra “as violações e os crimes da Copa, cometidos pela FIFA, pelo governo federal e pelos patrocinadores e empreiteiros contra a população brasileira”. Antes da marcha, os activistas tinham realizado um julgamento simbólico da FIFA, condenado a organização a abandonar o país e a devolver ao Brasil e à África do Sul (que acolheu o Mundial de 2010) milhares de milhões de euros. O objectivo era entregar em seguida a sentença no Estádio Nacional.

“Antes de organizar o Mundial, o Brasil devia pensar em melhorar a educação, a saúde, a habitação. Basta ver as manifestações da população: não precisávamos de gastar tanto dinheiro num acontecimento que não vai trazer benefícios”, disse à AFP Neguinho Truká, da etnia Truká, vindo de Pernambuco.

Esta manifestação acontece no meio de uma vaga de greves e de protestos de vários sectores, incluindo polícias, motoristas de autocarros e professores. E quase um ano depois de uma vaga gigante de protestos contra a fraca qualidade dos serviços públicos, o aumento de preços e os custos do Mundial. Entretanto, as manifestações diminuíram de dimensão mas radicalizaram-se. Mas últimos meses, regressaram pela mão de movimentos sociais organizados, como os sindicatos e os partidos de esquerda.

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