Menina de cinco anos violada na Índia está a recuperar
Os protestos contra a displicência da polícia em casos de violação intensificam-se. A polícia deteve 50 manifestantes que derrubaram barricadas para protestar em frente à casa da líder do partido no poder, Sonia Gandhi.
Os protestos começaram na sexta-feira, depois de os pais terem denunciado que a polícia estava “relutante” em registar a queixa do desaparecimento da menina e que até lhes tinham sido oferecidas duas mil rupias (cerca de 28,4 euros) para não o fazerem. Mais tarde, disseram-lhes para ficarem “contentes com o facto de que pelo menos tinha sido encontrada com vida”.
A resposta dos activistas pelos direitos das mulheres foi imediata: saíram à rua exigindo uma resposta política que acabou por chegar do primeiro-ministro, Manmohan Singh, que classificou o caso de “vergonhoso” e ordenou a suspensão do chefe da polícia e de um outro agente, que tinha esbofeteado uma manifestante, a fim de investigar as acusações dos pais.
A intervenção de Manmohan Singh – muito criticado pela forma como reagiu à violação fatal de uma estudante de 23 anos, em Dezembro – aconteceu no sábado. Neste domingo, voltou a falar: “O horrível ataque a uma menina há alguns dias lembra-nos mais uma vez a necessidade de trabalharmos em conjunto para acabar com este tipo de depravação na nossa sociedade”.
Mas os protestos continuaram e subiram de tom. Com um jornalista em Nova Deli a acompanhar o caso, a Al-Jazira relata que cerca de uma centena de manifestantes, muitos dos quais afectos ao principal partido da oposição, o Bharatiya Janata, se dirigiram para a residência de Sonia Gandhi, a presidente do Partido do Congresso, a força política no poder. Quando tentaram ultrapassar as barricadas da polícia, 50 foram imediatamente detidos.
Os manifestantes exigem que o chefe da polícia seja definitivamente afastado e que a acção das forças de segurança seja melhorada. “A polícia e as outras autoridades que não fazem o seu trabalho e que, pelo contrário, têm uma conduta abusiva devem saber que serão punidos”, disse o director da Human Rights Watch para a Ásia do Sul, Meenakshi Ganguly, que a Al-Jazira cita.
Ainda no sábado, a polícia deteve o suspeito de ter violado a menina de cinco anos. É um homem de 24 anos, recentemente casado, que foi capturado no estado de Bihar, no leste do país, onde moram os sogros, a quase mil quilómetros de Nova Deli. De volta à capital da Índia, sob custódia, o suspeito foi já submetido a um primeiro interrogatório.
A menina foi encontrada na quarta-feira no apartamento deste homem, em Nova Deli, no mesmo edifício em que mora com a a família. Tinha desaparecido no domingo. Sequestrada, foi mantida em cativeiro e torturada durante três dias. Foi encontrada depois por um outro vizinho, que a ouviu chorar e alertou os pais. Estava semiconsciente e à fome. A menina chegou ao hospital em estado considerado grave.
“Encontrámos uma garrafa de 200 milímetros e dois, três fragmentos de uma vela inseridos nas suas partes íntimas”, revelou mais tarde o superintendente clínico do Swami Dayanand Hospital, R.K. Bansal, segundo o The New York Times. “Esta é a primeira vez que vi tamanha barbaridade. Ela tem lesões nos lábios, nas bochechas, nos braços e na zona do ânus. O pescoço tinha hematomas que sugeriam que tinha sofrido tentativas para a estrangular.” A menina teve de ser submetida a uma cirurgia para a ajudar nos movimentos intestinais.