Primeiro-ministro sul-coreano demite-se por causa de ferry naufragado

Chung Hong-Won assume responsabilidade pela “gestão inicial da tragédia”.

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O primeiro-ministro diz que o importante neste momento é “terminar as operações de socorro” Lee Sang-hak/Yonhap/Reuters

Mais de dez dias depois da tragédia, Chung Hong-Won pediu desculpa por ter sido “incapaz de evitar o acidente e de gerir os acontecimentos correctamente”. Em directo na televisão, considerou que deveria demitir-se por causa da “gestão inicial da tragédia”, cita a agência AFP.

O Sewol, um ferry de grande dimensão, afundou-se a 16 de Abril depois de fazer uma viragem súbita e não prevista. O navio não estava a ser pilotado pelo comandante, Lee Joon-Seok, mas por um terceiro oficial com pouca experiência. A bordo seguiam 476 pessoas, das quais 352 eram estudantes de um liceu dos arredores de Seul.

O Governo sul-coreano, assim como a maioria das instituições oficiais envolvidas, foram duramente criticados pelas famílias das vítimas, que acusam as autoridades de ter colocado menos meios de socorro do que o anunciado.

O último balanço oficial do acidente, de sábado, confirma a morte de 187 pessoas, havendo ainda centenas de desaparecidos. As famílias vieram queixar-se sobre o tempo que passou até terem arrancado as buscas para resgatar os corpos das vítimas.

“O acidente deixou todos os sul-coreanos em profundo estado de choque e tristeza”, afirmou o primeiro-ministro, defendendo “não ser o momento de se apontar o dedo uns aos outros”. O importante nesta altura, acrescentou, é “terminar as operações de socorro”, que tiveram de ser interrompidas no sábado devido ao mau tempo.

Todos os 15 membros da tripulação do ferry foram detidos e enfrentam acusações de crime por negligência e falta de auxílio aos passageiros. Primeiro, foram detidos 11 membros (entre eles o comandante) e, entretanto, as autoridades detiveram os restantes quatro que estavam em liberdade.

Gravações descritas pela imprensa mostram que o comandante atrasou a evacuação do ferry e que, quando o desastre já se confirmava, abandonou o navio, deixando os passageiros para trás.

Dias depois da tragédia, a Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, considerou que o comandante e outros tripulantes do ferry se portaram como “assassinos”. “O comportamento foi totalmente incompreensível, inaceitável e equivalente a assassínio”, criticou a Presidente na última segunda-feira.

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