Primeiro-ministro húngaro condena anti-semitismo mas evita críticas à extrema-direita

Num discurso na reunião do Congresso Mundial Judaico, Victor Orban prometeu "tolerância zero", mas não fez nenhuma referência ao partido Jobbik. Organizadores dizem-se desiludidos.

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Victor Orban discursou na reunião do Congresso Mundial Judaico ATTILA KISBENEDEK/AFP

O chefe do Governo e líder do partido conservador Fidesz afirmou que o anti-semitismo é "inaceitável e intolerável" e lembrou à sua audiência as medidas que o país tem tomado para "ilegalizar os crimes de ódio e preservar a memória do Holocausto".

"Não queremos que a Hungria se torne num país de ódio e de anti-semitismo e pedimos a vossa ajuda e experiência para que nos ajudem também a resolver o problema", declarou o primeiro-ministro.

Mas Orban não mencionou o nome do Jobbik, actualmente o terceiro maior partido da Hungria, conhecido pelas suas posições nacionalistas e anti-semitas. O repto lançado pelo presidente do Congresso Mundial Judaico (CMJ) ficou sem resposta: "Os judeus húngaros precisam que você confronte estas forças negras", disse Ronald Lauder, que discursou antes do primeiro-ministro da Hungria.

Depois das declarações de Victor Orban, o CMJ emitiu um comunicado a dar conta da sua insatisfação. "O primeiro-ministro não confrontou a verdadeira natureza do problema: a ameaça dos anti-semitas em geral e do partido de extrema-direita Jobbik em particular. Lamentamos que o sr. Orban não tenha feito referência a nenhum recente incidente anti-semita ou racista no país, e que não tenha dado garantias suficientes de que o seu Governo se demarcou da extrema-direita", lê-se no comunicado, citado pela Reuters.

No sábado, vários militantes e simpatizantes do Jobbik manifestaram-se em Budapeste contra a reunião do Congresso Mundial Judaico na Hungria. Um dos participantes, o deputado do Jobbik Marton Gyongyosi, defendeu em Novembro do ano passado a elaboração de uma lista com os nomes de judeus que possam representar "um risco de segurança nacional".

Os manifestantes acusaram a comunidade judaica de estar a adquirir propriedades no país "para comprar a Hungria" e acusaram Israel de manter campos de concentração em Gaza.

"A Hungria foi subjugada ao sionismo e tornou-se num alvo de colonização, enquanto nós, o povo indígena, apenas podemos desempenhar papéis secundários", disse Marton Gyongyosi no seu discurso na manifestação.

O presidente do Jobbik, Gabor Vona, disse que "os conquistadores israelitas, estes investidores, deviam procurar outro país para eles, porque a Hungria não está à venda".

O Jobbik – que tem 43 dos 386 lugares no Parlamento húngaro – é também conhecido pelas suas posições contra a etnia roma e opõe-se à União Europeia, que vê como uma ingerência estrangeira. O sociólogo Peter Tibor considera que o partido de extrema-direita "não é apenas um fenómeno temporário". Ouvido pela Reuters, Tibor considera que o Jobbik "veio para ficar" porque é muito popular entre a juventude húngara, especialmente entre os estudantes universitários.
 
 

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