Primeiro-ministro francês pede dissolução da Juventude Nacionalista Revolucionária
Executivo promete ser "impiedoso" com grupos fascistas e neo-nazis, em resposta à morte de um jovem radical de esquerda após confrontos em Paris.
De acordo com a imprensa francesa, o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault pediu ao responsável pela pasta do Interior para tomar as diligências necessárias para a “dissolução imediata” daquele grupo, que se envolveu em confrontos com manifestantes anti-fascistas junto à estação de comboios de St. Lazare, na passada quarta-feira.
O confronto, que segundo as autoridades terá resultado de uma “coincidência”, redundou em violência, com Clément Méric a ser atingido na cabeça. Foi transportado para o hospital em estado de coma e morreu na quinta-feira em resultado de graves lesões cerebrais.
A polícia deteve cinco indivíduos no âmbito das investigações à morte de Méric. Segundo as autoridades, todos têm ligações à Juventude Nacionalista Revolucionária, uma ala militante do movimento de extrema-direita conhecido como a Terceira Via, embora só uma jovem tenha admitido ser membro da organização.
Serge Ayoub, o líder da Juventude Nacionalista Revolucionária, foi interrogado pela polícia e rejeitou qualquer associação ao incidente.
O Procurador da cidade de Paris, François Molins, disse que um indivíduo de 20 anos, identificado apenas pelo nome próprio Esteban, enfrentava uma acusação por homicídio. “O suspeito admitiu à polícia ter desferido dois golpes em Clément Méric, incluindo aquele que o fez cair ao chão”, disse.
Várias testemunhas dos confrontos mencionaram a utilização de uma soqueira durante o assalto, mas Molins disse que Esteban desmentiu ter utilizado esse instrumento e ter socado Méric apenas com as mãos.
O Presidente da República, François Hollande, condenou o ataque de Paris e prometeu que o seu Governo não dará tréguas a grupos fascistas. Além da dissolução da Juventude Nacionalista Revolucionária, o primeiro-ministro solicitou um estudo com vista à “desagregação, de forma democrática e com base na lei, de todos os movimentos de inspiração fascista e neo-nazi que põem em causa a república”.
O ministro do Interior, Manuel Vals, lamentou a “reaparição de movimentos racistas, anti-semitas e homofóbicos” nos últimos tempos em França e garantiu que o executivo será “impiedoso com todos aqueles que negam os valores da república e advogam o ódio”.