Presidente ucraniano anuncia fim do cessar-fogo: “Vamos atacar”

Declaração de Petro Poroshenko faz temer nova escalada em conflito que fez 400 mortos desde Abril.

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Poroshenko anunciou o fim do cessar-fogo numa declaração televisiva Mykola Lazarenko/AFP

A declaração foi feita na manhã desta terça-feira, logo após o fim do prazo do cessar-fogo unilateral. Poroshenko culpou “actividades criminosas” dos combatentes pró-russos que ocupam vários locais-chave em algumas cidades do Leste da Ucrânia (e declararam mesmo a independência em duas, Donetsk e Lugansk). Ambos os lados acusam o outro de violar o cessar-fogo, que seria um primeiro passo para permitir o desarmamento dos rebeldes e começar um novo processo de paz. Os líderes separatistas rapidamente disseram desconfiar da intenção do cessar-fogo, e os generais ucranianos também, dizendo agora que este não serviu para mais do que permitir aos insurrectos, rodeados em muitos casos pelas forças ucranianas, reagrupar e conseguir reforços.

“A única hipótese de pôr em marcha um plano de paz não se concretizou”, disse Poroshenko. O cessar-fogo “foi violado mais de cem vezes”, disse.

O seu fim declarado da trégua aumenta a perspectiva de uma nova escalada de violência num conflito que deixou já mais de 400 mortos desde Abril.

Responsáveis internacionais pedem antes, pelo seu lado, uma continuação de esforços diplomáticos e um cessar-fogo bilateral. Líderes europeus ameaçam a Rússia com novas sanções a empresários e outros líderes, pedindo que Moscovo use a sua influência nos separatistas.

O Presidente russo, Vladimir Putin, não respondeu ainda à declaração de fim do cessar-fogo, mas disse que era importante prosseguir esses esforços, pedido um papel activo à OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) na monitorização dessa trégua. Vários observadores têm sido levados como reféns pelos separatistas — oito tinham sido raptados há um mês e foram libertados no final da semana passada.

No entanto, a OSCE invocou razões de segurança para diminuir as suas operações no Leste da Ucrânia. Ainda esta semana, foi morto um operador de câmara de uma estação russa por forças ucranianas. Foi o terceiro jornalista russo a morrer no conflito desde Abril (um jornalista italiano e o seu intérprete foram também mortos).

O facto de terem sido chamados reservistas do Exército russo fez os generais ucranianos pensar que a Rússia se preparará para uma acção na Ucrânia. O aeroporto de Kiev, já bem longe da zona em conflito, parecia pronto para responder a ofensivas, com sacos de areia a defender posições e veículos blindados a postos.

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