Presidente do Malawi anula eleições por antever derrota
A votação foi caótica, com as urnas e os boletins de voto a não chegarem a horas a todo o país.
"Anulo as eleições com base nos poderes que a Constituição me confere", disse a Presidente, que marcou novas eleições para dentro de 90 dias. Os jornalistas que seguem a política deste país africano questionavam, porém, se a chefe de Estado tem de facto poder para tomar esta decisão.
"Quero dar à população a oportunidade de escolher os candidatos de forma livre. Quando se realizarem novas eleições, eu afasto-me." Não ficou claro o que queria dizer com esta frase — se não concorre dentro de 90 dias ou nas seguintes.
Na sexta-feira à noite, e com 30% dos votos contados, a Comissão Eleitoral começou a divulgar o resultado do escrutínio e Peter Mutharika estava à frente de Bada, com 42% dos votos — a Presidente estava com 23%.
A derrota de Joyce Banda era esperada. A meio da semana, a Presidente acusou um partido, que não nomeou, de se ter "infiltrado" na Comissão Eleitoral, o que este organismo negou.
A votação foi caótica, relata o jornalista da BBC no Malawi, que diz que houve quem tivesse votado fora do prazo das eleições pois houve grandes atrasos na entrega do material eleitoral às mesas de voto. Eleitores frustrados incendiaram uma mesa de voto e, noutra, destruíram o material. Em alguns lugares, prossegue a BBC, as urnas não chegaram a tempo e os comissários usaram baldes tapados com plástico como depósito para os votos.
No Malawi há 7,5 milhões de eleitores e estas foram as quintas eleições desde o fim do sistema de partido único, há 20 anos. Foi a primeira vez que as presidenciais e as legislativas se realizaram em simultâneo.