Presidente da Guiné-Bissau nomeia Baciro Dja primeiro-ministro
PAIGC não aceita escolha de José Mário Vaz, apesar de ser um dos vice-presidentes deste partido, e apela a uma grande manifestação de protesto. Chefe de Governo já tomou posse.
"Nunca aceitaremos um golpe de Estado constitucional. Nem o partido, nem o povo da Guiné-Bissau aceitarão a nomeação de Baciro Dja", disse à AFP Fernando Saldanha, um membro do bureau político do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Em comunicado, o PAIGC convocou os militantes para "uma manifestação maciça esta tarde, "por causa da crise actual que se vive no país com a nomeação de um novo primeiro-ministro."
O PAIGC tinha proposto de novo o nome de Simões Pereira para o cargo de primeiro-ministro da Guiné-Bissau ao Presidente José Mário Vaz – proposta que foi rejeitada.
No quadro das suas consultas para substituir o primeiro-ministro, Mário Vaz teve uma série de encontros com partidos com assento parlamentar, assim como audiências com representações diplomáticas na Guiné-Bissau. Esta quinta-feira, chegou a Bissau uma delegação da Comunidade de Estados de Desenvolvimento da Económica da África Ocidental (CEDEAO), com a missão de mediar a crise política.
Segundo o site Gbissau.com, ainda não se sabe se Baciro Dja foi escolhido à luz dos estatutos do PAIGC, por ser o seu terceiro vice-presidente, ou no quadro de uma iniciativa presidencial.
“A liderança do partido está reunida e depois faremos um comunicado”, disse Simões Pereira à Reuters. Esta semana, houve uma manifestação em Bissau a pedir que regressasse ao cargo de primeiro-ministro.
Com 42 anos e formação em psicologia feita em Cuba e Lisboa, Dja foi ministro da Defesa de Carlos Gomes Júnior, o primeiro-ministro deposto pelo golpe militar de Abril de 2012, e era ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares de Simões Pereira até há pouco tempo. Demitiu-se recentemente, alegando falta de confiança mútua, apesar de ter sido director de campanha das legislativas de 2014, nas quais o PAIGC ganhou a maioria na Assembleia Nacional (57 deputados em 102), diz a AFP.
Continuam sempre os receios de que a instabilidade política regresse à Guiné-Bissau, e sobretudo de que os militares entrem na crise. Segundo o site Bissau Digital, foi reforçada a segurança e vigilância junto à residência do antigo chefe de Estado-maior-general das Forças Armadas José Zamora Induta, que se encontra em prisão domiciliária.