Político da oposição assassinado na Tunísia

Segundo assassínio político do ano. Manifestações em Tunes e Sidi Bouzid, o berço da revolução.

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Tunisinos manifestam-se ao saber do assassínio de Mohammed Brahmi Fethi Belaid/AFP

O segundo assassínio político do ano arrisca deixar o país numa situação delicada. Em Fevereiro, após a morte de Chokri Belaid, um político também de esquerda em coligação com o de Brahmi, a Frente Popular, o país entrou em crise e só acalmou após a remodelação governamental e a demissão do primeiro-ministro.

“Irmandade, fora!”, gritavam os manifestantes, em referência à ligação do Ennahda, partido islamista moderado que venceu as eleições e está a liderar a transição democrática, e o partido no poder agora afastado pelo Exército no Egipto. Numa localidade perto de Sidi Bouzid, onde começaram os protestos que acabaram por levar à queda do Presidente Zine El Abidine Ben Ali em Janeiro de 2011, manifestantes irados incendiaram a sede local do partido no poder. E em Sfax havia relatos de manifestações com a polícia a usar gás lacrimogénio.

“Isto vai realmente pôr o Ennahda no centro das atenções”, comentou Laryssa Chomiak, directora do Instituto de Estudos Magrebinos, com sede em Tunes. “O povo tunisino não está satisfeito com a forma como foi feita a investigação ao assassínio de Chokri Belaid. Se não lidarem bem com isto agora, acho que vai ser extremamente prejudicial para o seu apoio interno.”

O Governo apontou o dedo a extremistas pelo assassínio de Chokri. Diz que seis suspeitos estão a monte e que promete revelar em breve os seus nomes.

Transição democrática
A Tunísia, o primeiro país da chamada Primavera Árabe, está prestes a terminar o processo de transição democrática: a nova Constituição já está escrita e vai ser votada nas próximas semanas. O primeiro-ministro prometeu no início da semana que as eleições para um novo Presidente serão realizadas antes do final do ano.

Mas o país enfrenta agora o possível efeito deste assassínio, que se junta a uma economia instável, uma população que esperava melhorias não concretizadas, e um cada vez maior movimento islamista.

Brahmi, o político agora assassinado, tinha sido eleito deputado pelo círculo de Sidi Bouzid. A 7 de Julho, demitiu-se do cargo de secretário-geral do partido, alegando que este estava a ser infiltrado por islamistas.

O assassínio de Brahmi ocorre no dia em que a Tunísia comemora o seu 56.º aniversário da sua independência da França.
 

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