Polícia investiga novas declarações de Rupert Murdoch sobre escutas ilegais e subornos
Numa reunião interna, em Março, o magnata dos media desculpabilizou os jornalistas e disse que a investigação da polícia é "incompetente".
Durante a conversa, tornada pública na semana passada, Murdoch contradisse o que tinha afirmado na comissão de inquérito ao caso, em Julho de 2011, quando condenou vivamente e prometeu colaborar com as investigações quer às escutas ilegais encomendadas pelos jornalistas do tablóide News of the World (que seria encerrado na sequência do escândalo), quer aos pagamentos a polícias feitos pelos repórteres do The Sun, jornal igualmente propriedade do grupo News International.
Na reunião com a redacção do The Sun, dias depois de buscas e detenções a jornalistas da publicação, Murdoch disse que as escutas ilegais e os subornos não tinham sido instigados por eles e classificou a investigação policial ao escândalo como "incompetente".
O que o magnata de origem australiana não sabia era que alguém decidiu gravar em segredo a reunião. Num excerto divulgado pelo site Exaro News, um dos jornalistas pergunta a Rupert Murdoch se ele reconhecia que as escutas ilegais e os subornos eram práticas antigas, que existiam antes do "envolvimento" dos jornais News of the World e The Sun.
"Estamos a falar de pagamentos por dicas de notícias a polícias. Isso existe há cem anos, sem dúvida. Não foram vocês que instigaram isto", respondeu Rupert Murdoch.
Agora, uma semana depois da divulgação da conversa de Murdoch com os jornalistas do The Sun, a Scotland Yard fez saber que pretende ter acesso à gravação, que será analisada no âmbito da Operação Elveden sobre pagamentos ilegais a responsáveis públicos.
"Estamos a tentar obter a gravação da reunião durante a qual parecem ter sido registadas declarações de Rupert Murdoch. Iremos depois analisar o conteúdo total dessa gravação", disse nesta terça-feira a comissária assistente Cressida Dick aos membros da comissão de assuntos internos do Parlamento britânico.
Questionada sobre se as autoridades já tinham em seu poder a gravação ou se tinham feito um pedido nesse sentido a um tribunal, a comissária disse apenas que não estava "preparada para ir mais além" nos comentários.
Segundo o jornal The Guardian, o director do Exaro News disse que vai facultar à polícia tudo o que já foi divulgado no seu site.