Polícia grega acusada de usar Photoshop para esconder marcas de agressão
Imagens de detidos, acusados de pertencerem a um grupo anarquista, mostram alterações grosseiras das fotografias.
Os quatro detidos são suspeitos de terem assaltado um banco, levando 200 mil euros, que serviriam alegadamente para financiar um grupo de guerrilha conhecido por qualquer coisa como “Conspiração das Células do Fogo", conta o diário espanhol El Mundo.
É possível perceber, mesmo sem ampliação, que as imagens que estão no site da polícia foram grosseiramente alteradas, especialmente no caso do olho de um dos detidos e no pescoço de outro.
O objectivo, acusa a oposição, terá sido esconder as agressões policiais. Um site grego, Notícias 24/7, colocou mesmo uma fotografia de um dos jovens com um olho negro e a outra, da polícia, já sem a parte negra à volta do olho.
Os jovens foram presos no sábado à noite; só de manhã os pais conseguiram ter contacto com eles. Os pais de um dos detidos, que puderam visitá-lo durante breves momentos numa esquadra de Atenas, disseram que o seu rosto estava desfigurado por agressões.
O Syriza (Coligação de Esquerda Radical) denunciou “a tortura de prisioneiros” que “envergonha o Estado grego” e exigiu uma investigação.
O ministro da Ordem Pública, Nikos Dendias, explicou que a alteração digital das fotos era necessária para ajudar ao “reconhecimento” dos suspeitos por eventuais testemunhas. “Trata-se de terroristas que tinham consigo armas pesadas”, disse ainda o ministro. Ainda assim, garantiu que se houvesse provas de maus tratos policiais, os “responsáveis” seriam “punidos”. O Ministério Público já anunciou, entretanto, a abertura de um inquérito.
Na Grécia, o potencial de violência tem subido em ambas as partes do espectro político. No mês passado, dois grupos anarquistas gregos reivindicaram responsabilidade por uma explosão num centro comercial depois de explosões em casas de vários jornalistas. O gabinete do primeiro-ministro, Antonis Samaras, foi atingido por um tiro.
Do outro lado do espectro há as agressões diárias a imigrantes de suspeitos membros do partido neonazi Aurora Dourada, sob os olhos por vezes indiferentes ou coniventes da polícia.<_o3a_p>
Actualizada com declarações do ministro da Orem Pública e o anúncio da abertura de um inquérito