Polícia em confronto com imigrantes ao tentar fechar fronteira na Macedónia
Milhares dos que têm estado a chegar à Grécia tentam apanhar um comboio nesta república dos Balcãs para entrar na União Europeia. Governo disse basta, ONU diz que não pode ser assim.
As tropas de choque usaram gás lacrimogéneo e armas de controlo de multidões como granadas de luz e som quando instalaram arame farpado para tentar impedir os imigrantes – na sua maioria sírios – de continuarem a passar a fronteira sem obstáculos como até agora. Mas repórteres da Reuters relatam ter visto pelo menos quatro pessoas com feridas profundas nas pernas.
Outras caíram e ficaram feridas quando a multidão fugia, em pânico, empurrada para uma zona de ninguém, que não era nem Macedónia nem Grécia e onde não podiam receber ajuda das várias organizações não-governamentais que ali estão presentes.
Diariamente, pelo menos 1300 pessoas são registadas depois de terem cruzado a fronteira da Macedónia junto a Gevgelija, diz a AFP. São alguns dos milhares que têm estado a chegar à Grécia, exaustos e desesperados, com os poucos pertences às costas, com a vida e as esperanças que lhes restam, crianças e bebés de colo à beira de uma linha de comboio que os há-de levar à Sérvia e à Hungria, onde esperam, finalmente, alcançar a União Europeia e pedir asilo.
Desde 19 de Junho, cerca de 42 mil imigrantes entraram na Macedónia, a maioria dos quais homens, mas 5752 são mulheres e há 7000 crianças, das quais 600 sem serem acompanhadas por nenhum dos pais, diz a AFP, citando números oficiais.
O Governo da Macedónia, pressionado pela ONU, acabou por prometer que manterá a fronteira aberta. Guterres, citado pela Reuters, diz ter “recebido garantias” do ministro dos Negócios Estrangeiros de que não será encerrada no futuro. Apelou ainda às autoridades gregas para que prestem assistências às muitas pessoas concentradas no lado grego da fronteira.
Quanto às autoridades da Macedónia, estas anunciaram, em comunicado, que permitirão a entrada no seu território “de um número limitado de migrantes sem documentos que façam parte de categorias vulneráveis”. Skopje acusa Atenas – com quem as relações diplomáticas não são brilhantes e mantém um diferendo, por causa do nome, que a impede de se candidatar à entrada na União Europeia – de dirigir de forma organizada os imigrantes para o seu território.
O bloqueio seguinte encontrado por estes imigrantes está na Hungria, onde o Governo mandou construir um muro de quatro metros de altura ao longo dos 175 quilómetros da sua fronteira com a Sérvia, para tentar impedi-los de entrar clandestinamente no país e, ao mesmo tempo, nesta fronteira da União Europeia.