Poder rir
Rirmo-nos do poder é o nosso direito e a nossa obrigação.
O que fica de nós é o riso.
Quando se vê a comedy routine de Obama no jantar de repórteres da Casa Branca de 2014 (recomendo o nefasto huffingtonpost.com, que rouba os 19 minutos e picos da sempre respeitável C-Span) compreende-se a importância humana, moral e irónica deste magnífico presidente americano.
A inteligência e o sentido de humor de Obama não só defendem como avançam a civilização. Ele não só não se leva a sério como sabe que esse é o melhor caminho para tirar a força à seriedade estúpida que vem das convicções impensadas mas furiosamente defendidas.
Obama defendeu a liberdade da imprensa mostrando que também tem direito a essa mesma liberdade. Em vez de se fingir acima dos inimigos e dos média - como certos presidentes europeus - Obama citou directamente os seus críticos, acertando-lhe com boas piadas, num plano de igualdade.
Obama gozou com ele próprio não de uma forma ligeira mas com profundidade. A frase "em 2008 o meu slogan era 'Yes, we can!', em 2013 foi Control-Alt-Delete" é, para além de hilariante, uma crítica verdadeira e politicamente nociva.
Obama demonstrou que a velha máxima de "não dês armas aos teus críticos" é cobarde, preguiçosa e ineficaz. É armando os críticos que eles se desarmam melhor.
Obama mostrou-se mais consciente dos fracassos e das fraquezas dele do que os adversários que o perseguem diariamente.
Fazer rir é poder. Rirmo-nos do poder é o nosso direito e a nossa obrigação. É bom que Obama se ponha a jeito.