Vizinhos de Pistorius ouviram “gritos de gelar o sangue” na noite do homicídio

Começou esta segunda-feira o julgamento do homicídio da namorada do atleta olímpico sul-africano, que se declarou inocente.

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Pistorius durante uma audiência em Agosto Stephane de Sakutin/AFP

O atleta olímpico sul-africano é acusado de ter morto Steenkamp na madrugada de 14 de Fevereiro de 2013. Segundo a defesa, Pistorius terá confundido a namorada com um intruso e, por isso, disparou. A modelo de 29 anos teve morte imediata depois de o namorado ter disparado contra si por quatro vezes através da porta de uma casa de banho.

O caso ganhou uma dimensão mediática dentro e fora da África do Sul. Pela primeira vez, partes de um julgamento vão ser transmitidas em directo e há centenas de jornalistas de vários países acreditados para o cobrir. Uma estação televisiva sul-africana abriu um canal para se dedicar exclusivamente à cobertura do julgamento 24 horas por dia.

Na primeira sessão, Oscar Pistorius recusou a culpa de todas as acusações, incluindo pelo “homicídio intencional e premeditado de Reeva Steenkamp”.

Seguiu-se a leitura por um dos seus advogados de uma declaração em que a seriedade das investigações era posta em causa, relata a AFP. “Os locais do crime foram contaminados, perturbados e manipulados” , considera a defesa de Pistorius.

“Creio que a acusação não tem qualquer base para afirmar que eu matei Reeva”, afirmou Pistorius na declaração lida pelo advogado Kenny Oldwage. “Admito ter baleado Reeva, mas tratou-se de um acidente, julgava que Reeva já estava na cama”, acrescentou. Alguns especialistas forenses notavam que o caso será decidido através da análise às provas balísticas recolhidas no local do crime.

Chamada a depor, Michelle Burger, vizinha de Pistorius, afirmou ter ouvido “gritos de congelar o sangue” de uma mulher na noite de 14 de Fevereiro. “Pouco depois das três horas [da manhã], fui acordada por gritos terríveis de uma mulher (…) Ela gritava por socorro”, disse Burger, perante o tribunal.

“Era pior que dantes. Ela estava muito assustada. (…) Soube que qualquer coisa de terrível poderia acontecer”, afirmou a testemunha, que relatou ter ouvido quatro tiros de seguida. “Houve uma pausa maior entre o primeiro tiro e o segundo do que entre o segundo” e os restantes.

O atleta mostrava-se calmo à entrada para o julgamento, descrevia o correspondente da BBC. Caso seja condenado, a sentença de Pistorius poderá ir até à prisão perpétua.

No último ano, Pistorius abordou a morte de Reeva Steenkamp publicamente apenas por uma ocasião. Quando se assinalava o primeiro aniversário do acontecimento, o atleta descreveu-o como um “acidente devastador”, antecipando a sua versão de que a morte da namorada não foi premeditada nem intencional.

O julgamento será retomado esta terça-feira e durante as próximas sessões deverá ter lugar a avaliação dos peritos em balística e medicina forense. Um outro ponto importante será a revelação do conteúdo dos telemóveis de Pistorius e da namorada.

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