Pessoas a mais ou Estado a menos
Os palestinianos não são pessoas a mais neste mundo, apesar de o seu Estado ainda estar a menos, precisando de ser viabilizado lado a lado com o de Israel.
Crianças vivas a serem queimadas, pessoas mortas de forma fulminante, em suma, 25 mortos, desde o início de Outubro, nas mãos dos israelitas ocupantes, colonos, agentes infiltrados, soldados contra civis palestinianos sob a sua ocupação. Mortos e feridos entre a população civil palestiniana aumentam drasticamente, dia após dia.
O crime que está a ser cometido por estes palestinianos é o seu grito pela liberdade do cativeiro e da escravidão israelita, especialmente depois de terem percebido que, sem dúvida, a intenção, não declarada, dos israelitas ocupantes é manter o actual statu quo; onde os palestinianos são “convidados” a serem escravizados pelos seus ocupantes em troca de comida. Uma ocupação rentável, à qual se acrescenta o roubo de terras e um apelo, do primeiro-ministro israelita, aos seus cidadãos judeus para transportarem armas livremente.
Os palestinianos têm sofrido, há quase cinco décadas, desta vida desumana, de escravidão e de um estado de ilegalidade e impunidade perante os colonos judeus, sob a ocupação israelita. Não foi só no mês passado ou no ano passado, mas está, sim, a tornar-se um processo contínuo de repressão israelita, violência e punição colectiva, desde que Israel conquistou os territórios palestinianos em 1967. Infelizmente, os vetos adoptados pelo Conselho de Segurança são para evitar que Israel preste contas sobre os seus crimes de guerra e contra a humanidade (Relatório Goldstone, 4 de Abril de 2011).
Esta irresponsável atitude, tomada pela maior instituição de segurança internacional, garante a Israel uma espécie de impunidade para que se possa comportar como um país acima da lei internacional.
O que está, no presente, a acontecer na Terra Santa não se resume apenas a mais uma intifada (revolta), mas sim a uma contribuição palestiniana no combate ao terrorismo, exactamente da mesma forma como todas as outras nações o fazem na nossa região.
A diferença é que o alvo dessas nações é a cauda de terror, enquanto os palestinianos estão a alvejar a cabeça desse mesmo terror, a ocupação militar israelita do Estado da Palestina, território que abriga os santuários mais sagrados de muçulmanos e cristãos. A relação da ocupação israelita com a expansão do terror global na região foi afirmada por muitos líderes e políticos de todo o mundo. Entre outros, o ex-Presidente dos EUA Bill Clinton, que disse, a 21 de Setembro de 2010: "Resolver o conflito israelo-palestiniano tirará muita da motivação para o terrorismo em todo o mundo".
A outra diferença é que os palestinianos, indefesos, estão a enfrentar 380.000 metralhadoras transportadas por colonos judeus fora da lei, protegidos igualmente pelos agentes israelitas infiltrados e do exército de ocupação israelita. Estas forças de ocupação estão a fazer tudo o que lhes é possível para provocar os palestinianos, de forma a que estes usem armas, exactamente como fizeram durante a segunda intifada. Este comportamento irresponsável por parte das forças de ocupação israelita, que visam aterrorizar e prejudicar os palestinianos sob ocupação, pode levar ao desenrolar de uma situação já, por si só, frágil. Esta crueldade das forças de ocupação israelita deverá ser proibida imediatamente pela Comunidade Internacional, representada pelo Conselho de Segurança, na sua qualidade de guardião do Direito Internacional e do Direito Humanitário Internacional. Porque os palestinianos não são pessoas a mais neste mundo, apesar de o seu Estado ainda estar a menos, precisando de ser viabilizado, mais cedo do que mais tarde, na Terra Santa, lado a lado com o de Israel.
Embaixador da Palestina