Visita do Papa ao Brasil seguida por 22 mil agentes de segurança
Nos dois palcos por onde passará o Papa Francisco, a distância mínima do público será de 70 metros.
Logo ao primeiro protesto que inundou as ruas do Rio de Janeiro com mais de 100 mil pessoas, a 20 de Junho, a Presidente Dilma Rousseff reuniu-se com o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Raymundo Damasceno, para discutir a visita do Papa Francisco à cidade, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. A CNBB não alterou o calendário da visita e foi mais longe, afirmando o seu apoio às manifestações pacíficas e dizendo que é preciso ouvir "o clamor que vem das ruas".
Em Roma, o porta-voz do Papa, Federico Lombardi, manifestou confiança no sistema de segurança, nesta que é a primeira viagem do Sumo Pontífice desde que foi eleito, em Março. “Sabemos que há uma situação de manifestações nas últimas semanas no Brasil. Mas temos confiança que a cidade e as autoridades irão gerir a situação e vemos com total serenidade a situação. Não é um confronto com o Papa ou com a Igreja", afirmou, citado pelo jornal brasileiro O Estado de São Paulo.
Na sexta-feira, foi anunciado que o Papa Francisco decidiu fazer o percurso pelas ruas do centro da cidade em carro aberto, assim que desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. De acordo com a Folha de São Paulo, o Papa informou aos organizadores da viagem que não queria que o seu primeiro contacto no país fosse com autoridades, mas sim com a população. O programa inicial previa que o Papa seguiria num carro fechado da Base Aérea do Galeão, na zona norte do Rio, para o Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado.
A vista do Papa Francisco ao Rio de Janeiro, onde aterra nesta segunda-feira, 22 de Julho, vai ser acompanhada por um forte dispositivo de segurança. Cerca de 12.300 militares e 10 mil agentes de segurança pública vão estar nas ruas, num momento onde são esperados 800 mil turistas no Rio de Janeiro e dois milhões de pessoas nos eventos que contam com a presença do Papa. A maior parte dos agentes pertence à Polícia Militar, mas há também agentes da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Federal, da Polícia Civil, da Força Nacional, da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e da Guarda Municipal.
Nos topos dos prédios estarão atiradores de elite do Exército e a Polícia Militar do Rio de Janeiro decidiu ocupar quatro favelas na zona oeste do Rio de Janeiro, no período em que o Papa estiver na cidade.
Das Forças Armadas, 700 militares da Aeronáutica, 2500 da Marinha, 7000 do Exército estarão a postos, de acordo com a Agência Brasil. Em Guaratiba (zona oeste), local onde onde o Papa fará a última aparição pública na visita ao Brasil, o Exército vai poder actuar com poderes policiais graças a um decreto presidencial.
Nos dois palcos por onde vai passar o Papa Francisco, nos bairros de Copacabana (zona sul) e Guaratiba, o público ficará a uma distância mínima de 70 metros. Cada palco tem uma área de 3800 metros quadrados e estará a uma altura superior a sete metros para assegurar a visibilidade.
As deslocações do Papa Francisco serão momentos privilegiados de proximidade com a multidão. O Papa rejeitou utilizar o "papamóvel" blindado e preferiu o jipe aberto que utiliza em Roma para o encontro com os fiéis. O El País avança que o papamóvel blindado chegou ao Rio de Janeiro, mas o Papa pediu que retirassem os vidros à prova de bala.
Nestes percursos, o papamóvel é acompanhado por oito veículos (quatro à frente e quatro atrás), quatro batedores de mota e 12 polícias a pé. De acordo com a Globo, os agentes federais que vão acompanhar o Papa durante a visita receberam formação no Vaticano. A cada dez metros percorridos pelo papamóvel estará um agente de segurança pública formando uma espécie de cinturão, enquanto outros estarão à paisana no meio da multidão.
O programa da visita está concentrado na cidade do Rio de Janeiro, mas inclui uma visita a Aparecida, em São Paulo – cidade de culto de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil. No Rio de Janeiro, a agenda do Papa Francisco inclui um encontro com a Presidente Dilma Rousseff, no Palácio Guanabara, e uma visita à favela recentemente pacificada de Varginha, na zona norte da cidade.