ONU compara prisões norte-coreanas a campos de concentração nazis

Pyongyang desmente relatório da ONU e diz que se trata de um "complot político".

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Kim Jong-un é o líder da Coreia do Norte MCT

As provas apresentadas no documento, e já negadas por Pyongyang, mostram um padrão de violação dos direitos humanos, disse Michael Kirby, que dirigiu a equipa que redigiu o relatório realizado em Março depois de pressões do Japão, da Coreia do Sul e de países ocidentais que exigiram à ONU um documento base para uma eventual acusação contra o regime norte-coreano.

Os primeiros testemunhos foram recolhidos junto de norte-coreanos exilados, alguns deles antigos prisioneiros políticos, e para se ouvirem estas testemunhas foram feitas audiências na capital da Coreia do Sul (Seul) e em Tóquio durante o mês de Agosto. A equipa da ONU não teve autorização para visitar as prisões norte-coreanas.

“Penso que [ao lerem o relatório] vão ter reacções idênticas” aos que encontraram nos campos nazis, disse Kirby aos jornalistas. Especificou que a situação nos campos de concentração alemães e norte-coreanos não é “exactamente análoga”, mas “a imagem que passou pela minha cabeça foi a da chegada dos Aliados no fim da II Guerra Mundial e a descoberta dos campos de prisioneiros nos países que tinham sido ocupados pelos nazis”.

O relatório das Nações Unidas vai procurar determinar que instituições ou departamentos governamentais norte-coreanos são responsáveis pelo que ocorre nas prisões. “A comissão ouviu os sobreviventes dos campos de presos políticos que passaram por infâncias de fome e por atrocidades indizíveis”, disse Kirby, citado pela Reuters. Alguns disseram aos investigadores que foram punidos por crimes cometidos por familiares de gerações ao abrigo da política do “culpado por associação”.

A parte do relatório que foi apresentada não especifica que tipo de queixas-crime serão apresentadas ou a que instância. A Coreia do Norte não é membro do Tribunal Penal Internacional (da ONU), mas o Conselho de Segurança pode pedir ao tribunal de Haia que investigue crimes, ou suspeitas de crimes, cometidos por países não signatários.

O diplomata norte-coreano Kim Yong Ho considerou que o relatório é “um complot político” contra o seu país. Disse que se trata de um acto destinado a forçar a mudança do regime de Pyongyang que tem sido orquestrada pela União Europeia e pelo Japão em “aliança com os Estados Unidos”. “Continuaremos a opor-nos a qualquer tentativa de mudança de regime ou a submetermo-nos a qualquer pressão que surja a pretexto da ‘protecção dos direitos humanos’”, disse Kim.

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