Obama foi ao “Daily Show” mas não teve graça
Obama foi leve nas piadas mas pesado nas políticas, escreve a Reuters, afirmando que vai precisar de tempo para cumprir na totalidade as promessas feitas na campanha de 2008. “Quando prometemos ‘mudança em que podem acreditar’, não era ‘mudança em que podem acreditar em 18 meses’”, disse o Presidente a Stewart. “Era mudança em que podem mesmo acreditar, mas sabem que teremos de trabalhar para isso.”
Stewart, que esta semana foi considerado o homem mais influente de 2010 – seguindo-se a Bill Gates, Mark Zuckerberg (fundador da rede social Facebook) e Steve Jobs –, numa votação organizada pelo portal de internet AskMen, na qual participaram mais de meio milhão de pessoas, não facilitou a vida ao Presidente Obama, o primeiro em exercício a sentar-se na sua cadeira.
O anfitrião do "Daily Show" foi duro nas questões sobre a contratação do clintoniano Larry Summers para seu principal conselheiro económico. “Com justiça, Larry Summers fez um trabalho formidável”, disse Obama, usando a mesma expressão que o Presidente George W. Bush usou para descrever o desacreditado ex-director da Agência de Gestão Federal de Emergência na sequência do furacão Katrina. “Jogo de palavras intencional”, respondeu o Presidente.
“Meu [Dude], tu não queres usar essa frase”, disse Stewart, rindo. “A indignidade de um anfitrião de um programa de comédia chamar ‘meu’ ao comandante-em-chefe capturou bem este momento de Obama. […] No ‘Daily Show’, Obama tem um anfitrião amistoso e uma audiência ainda mais amistosa. Mas, tal como na sua ida à MTV há duas semanas, Obama não tentou chegar à sua audiência jovem. Foi sério e esteve na defensiva, apontando o dedo ao anfitrião várias vezes, enquanto discutia a premissa de uma pergunta”, escreveu no “Washington Post” Dana Milbank.
A Comedy Central, o canal de cabo que emite o “Daily Show”, diz que o programa é visto por 3,6 milhões de espectadores norte-americanos, incluindo 2,2 milhões entre os 19 e os 49 anos. Muitos mais seguem o programa na Internet.
Os 435 lugares da Câmara dos Representantes e 37 dos 100 lugares de senadores vão a votos no dia 2 de Novembro. O mesmo acontece com 37 postos de governadores, numas eleições a meio caminho entre a vitória de Obama nas presidenciais em Novembro de 2008 e a próxima eleição, em 2012.
Historicamente, as primeiras eleições a meio de um mandato de um Presidente traduzem-se por perdas para o seu partido no Congresso e nos estados. O controlo da Câmara dos Representantes dará aos republicanos ascendência sobre o programa legislativo no Congresso.
Notícia corrigida às 12h40