Obama e Hollande, "amigos para sempre", pedem a outros que se juntem a eles
Troca de elogios na visita do Presidente francês já motivou uma pergunta incómoda: "A França substituiu o Reino Unido no papel de melhor aliado dos EUA?"
Um dia depois de uma visita simbólica à casa-museu de Thomas Jefferson, que serviu para sublinhar a ligação umbilical entre a independência dos EUA e Revolução Francesa, Obama e Hollande atacaram nesta terça-feira as principais questões da actualidade, primeiro na recepção oficial ao Presidente francês, nos jardins da Casa Branca, e mais tarde numa conferência de imprensa conjunta, já no interior da residência oficial do Presidente norte-americano.
Por estes dias, quando Barack Obama e François Hollande se juntam na mesma sala, há uma frase que ecoa por todas as declarações, seja ela proferida de forma directa, como o Presidente francês fez na segunda-feira, seja de forma indirecta, na constante troca de elogios e na recordação dos “valores” que ambos os países partilham: “Seremos amigos para sempre.”
A pergunta impunha-se, e a jornalista do francês Le Figaro não desperdiçou a oportunidade na conferência de imprensa, provocando uma gargalhada na sala: “A França substituiu o Reino Unido no papel de melhor aliado dos EUA?”
É de acreditar que a equipa de Barack Obama o tenha preparado para uma pergunta deste género, e o Presidente norte-americano não desiludiu quem espera sempre uma resposta politicamente correcta, mas recheada de humor: “Eu tenho duas filhas e elas são ambas lindas e maravilhosas. Não conseguiria nunca escolher entre elas, e é assim que eu me sinto em relação aos meus fantásticos parceiros europeus.”
Num tom mais sério, Barack Obama lembrou a François Hollande – e, através dele, à França e ao resto do mundo – que “nenhum país consegue enfrentar os desafios actuais sozinho”. “Outros países têm de dar um passo em frente e assumir as suas responsabilidades, e é isso que os Estados Unidos e a França estão a fazer em conjunto”, avisou o Presidente norte-americano.
Lembrando a intervenção “corajosa” de Paris no Mali e na República Centro-Africana, Barack Obama lançou o repto para que outras operações semelhantes se repitam: “Proponho aos nossos amigos franceses que façamos ainda mais em conjunto pela segurança que os nossos cidadãos merecem, pela prosperidade que pretendem alcançar e pela dignidade dos povos em todo mundo, que procuram aquilo que nós proclamámos há dois séculos – os direitos inalienáveis, os direitos sagrados da humanidade.”
A mensagem do Presidente norte-americano para os outros parceiros europeus – a ideia de que não basta falar sobre liberdade e direitos humanos no mundo, e que é preciso agir – já não é nova, mas está cada vez mais dramatizada. Ao lado de François Hollande, foram lembradas as batalhas travadas com outros franceses ao longo da História. “Em mais de dois séculos, não nos limitámos a proclamar os nossos ideais – os nossos soldados sangraram para preservá-los. De Yorktown às praias da Normandia, às montanhas do Afeganistão”, declarou Barack Obama.
O resumo coube a Hollande: “Cada um dos nossos países sabe o que deve ao outro – a sua liberdade.”
Foi neste espírito que o Presidente francês convidou o seu homólogo norte-americano a estar presente nas comemorações do 70.º aniversário do Desembarque na Normandia, no próximo dia 6 de Junho, em Paris. Barack Obama tomou a decisão depois das declarações nos jardins da Casa Branca e anunciou-a pouco depois, na conferência de imprensa: “Aceitei o convite do François.”