Num corte com a tradição, Papa inicia retiro espiritual fora do Vaticano

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Francisco hoje em Roma, antes de partir para o retiro espiritual Max Rossi/Reuters

O mundo vai estar a falar dele, mas o Papa não vai ouvir: neste domingo à tarde, Francisco partiu para um retiro espiritual de Quaresma a 25 quilómetros de distância do Vaticano, que irá durar até à manhã de sexta-feira, dia 14.

A decisão de fazer o tradicional retiro pré-pascal fora do Vaticano representa um corte com o passado. O primeiro Papa jesuíta parece estar a seguir a tradição da sua ordem religiosa: no seu livro Exercícios Espirituais, Santo Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus, recomenda que os participantes em retiros se isolem, afastando-se de tudo o que é familiar.  

Numa entrevista ao diário italiano Corriere della Sera publicada esta semana, Francisco explicou que preferiu sair de Roma porque quando o retiro anual tinha lugar no Vaticano alguns membros da Cúria continuavam a trabalhar depois de participarem nas orações. O Papa argentino tem defendido que a Cúria deve abrir-se ao exterior e estar menos focada no Vaticano.

Francisco exortou os fiéis católicos a “construírem a sua vida a partir do que é essencial” no domingo, no seu Angelus semanal, antes de partir de autocarro rumo à aldeia de Ariccia, no sul de Roma, com uma delegação de 82 membros da Cúria. No mesmo sermão, disse que a Quaresma, o período de preparação para a Páscoa, é um momento para lembrar como Jesus Cristo rejeitou tentações, tais como o conforto económico e o poder terreno.

Durante cinco dias, o programa do retiro papal consistirá numa missa matinal, dois períodos de meditação e outro de oração ao final do dia, para além das refeições. O retiro ocorre na Casa del Divin Maestro, um complexo religioso rodeado de bosques, próximo do Castel Gandolfo, a residência de Verão do Papa.

Entrevistado pela televisão TGcom24, um dos participantes do retiro, Dom Mario Toso, secretário do Pontifício Conselho “Justiça e Paz”, considerou “simpática” a ideia de transportar os membros da Cúria de autocarro até Ariccia. “Isto mostra que somos uma família, a caravana de Deus, pessoas que trabalham todas para a mesma causa”, disse. Segundo a AFP, ele confirmou que os bispos e cardeais da Santa Sé irão pagar a sua própria estadia. “É uma decisão sensata, posto que todos temos um salário, e portanto faz sentido que os nossos empregadores não suportem os custos de financiar os exercícios espirituais de cada um”, afirmou.

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