Novo primeiro-ministro tunisino é da ala dura do partido islamista
Escolha do ministro do Interior para chefiar o Governo provoca críticas da parte da oposição ao Ennahda.
Um porta-voz do Presidente anunciou, em conferência de imprensa, que o líder do Ennahda, Rached Ghannouchi, tinha nomeado formalmente Larayedh para suceder a Hamadi Jebali, o primeiro-ministro da ala moderada do partido islamista, que se tinha demitido esta terça-feira.
Larayedh, de 57 anos, tido como pertencendo à ala dura do partido, passou 15 anos na prisão durante o regime de Ben Ali, deposto em 2011.
A divisão dentro do partido tinha ficado exposta depois do assassínio do activista político da oposição secular Chokri Belaid, a 6 de Fevereiro, que levou milhares de tunisinos às ruas.
Na sequência dos protestos, Jebali tinha defendido um executivo de tecnocratas que governasse o país até novas eleições. Mas a liderança do seu partido tinha-se manifestado contra. Depois das manifestações a apelar à saída do Ennahda do poder, as maiores desde a queda do antigo Presidente Ben Ali, defensores do partido foram também à rua manifestar apoio à continuação do partido no poder.
Jebali tinha anunciado um executivo de unidade para o fim-de-semana, mas acabou por não conseguir, e demitiu-se. Mantém-se, no entanto, secretário-geral do partido.
A escolha do partido para primeiro-ministro deixou a oposição em polvorosa: “Esta decisão aprofunda a crise, porque Larayedh chefiava o ministério responsável pela morte de Belaid e a violência que alastrou pelo país”, disse Zied Lakdar, líder da Frente Popular, partido de que Belaid era secretário-geral, acusando directamente o ministro pelo assassínio e a repressão dos protestos que se seguiram. O Ministério do Interior sempre negou ter responsabilidade e condenou o homicídio.
Mahmoud Baroudi, líder do partido de oposição Aliança Democrática, também reagiu de modo negativo. “Ele [Larayedh] foi responsável por leniência para com violência islamista contra activistas de direitos humanos.”
O Ennahda é o maior partido da Assembleia Constituinte, com 89 dos seus 217 lugares. O segundo maior partido, o secular Congresso para a República (29 lugares), já disse que iria integrar uma nova coligação liderada pelo Ennahda. O Ettakatol, de esquerda, que fazia parte da coligação liderada por Jebali, ainda não disse se se juntará a Larayedh.