Imigrantes no Reino Unido contribuem mais com impostos que pagam do que recebem benefícios
Mais uma investigação aponta o saldo positivo dos migrantes, especialmente da União Europeia, nas contas públicas britânicas.
Segundo a investigação de Christian Dustmann e Tommaso Frattini, do Centro de Investigação e Análise da Migração (Cream) do University College de Londres, publicado na revista científica Economic Journal (da Royal Economic Society), a contribuição líquida dos migrantes de países europeus entre 2000 e 2011 foi de 20 mil milhões de libras (quase 25.500 milhões de euros), num saldo muito positivo para as contas públicas.
Este estudo contraria a lógica de partidos anti-imigração, como o UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), que baseia campanhas nos efeitos alegadamente negativos da imigração, em especial da liberdade de movimento intra-europeia.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, acossado pela subida eleitoral do UKIP, também tem insistido em restrições à imigração vinda dos países da União Europeia. A imposição destas restrições, no entanto, violaria um princípio fundamental da União Europeia, o que tem levado a choques com outros poderes dos Vinte e Oito, em especial com a chanceler alemã. Apesar disso, Angela Merkel concorda com Cameron na defesa nos cortes de subsídios aos imigrantes que acabam de chegar aos países de destino, com o argumento de que estariam a usar os sistemas sociais antes de começar a contribuir.
O principal autor do estudo, Christian Dustmann, explicou que pretende contribuir com informação para este debate. “Uma preocupação importante tem sido determinar se os imigrantes contribuem para o sistema de impostos e segurança social. A nossa nova análise mostra um quadro positivo da contribuição fiscal feita pelos migrantes recentes, em especial vindos da União Europeia”, afirma, num comunicado da sua instituição.
É 43% menos provável que os imigrantes que chegaram ao Reino Unido desde 2000 recebam benefícios sociais ou fiscais, e há 7% menos probabilidades de que vivam em habitações sociais do que os britânicos. Por outro lado, esta população – com uma idade média de 26 ou 27 anos, quando o britânico tem, em média, 41 anos – tem um nível de educação bastante superior ao dos habitantes das ilhas britânicas.
Em 2011, 25% dos cidadãos dos países da Europa Central e de Leste da União Europeia, bem como Malta e Chipre, que chegaram como imigrantes ao Reino Unido, tinham um curso superior, e o mesmo acontecia com 62% dos naturais dos restantes países da UE. Apenas 24% dos britânicos tem um curso superior. “O valor no mercado britânico entre 2000 e 2011 da educação paga por estes imigrantes no seu país de origem é de 6800 milhões de libras [8696 milhões de euros]”, diz o estudo, demonstrando como esse dinheiro foi poupado ao erário público britânico.
Os imigrantes exteriores ao Espaço Económico Europeu não pagam tantos impostos – embora a sua contribuição desde 2000 valha 5000 milhões de libras (6394 milhões de euros). Com o prolongar dos anos, no entanto, acabam por contribuir menos do que recebem. Isto poderá ser explicado em parte porque os imigrantes extra-europeus têm mais filhos e, enquanto as despesas do Estado com os filhos são consideradas como gastos de imigrantes, “consideramo-los como nativos quando crescem e entram no mercado de trabalho”, escrevem os cientistas.