Nigéria: Exército reforça segurança no Delta do Níger
A operação coincide com a deslocação à capital nigeriana do líder da Força Voluntária do Povo do Delta do Níger (FVPDN), Mudjahid Dokubo-Asari, para contactos com responsáveis nigerianos.
O líder dos rebeldes anunciou ontem que lançará na sexta-feira uma "guerra total ao Estado", aconselhando as empresas petrolíferas sedeadas na região a suspenderem a produção. Dokubo-Asari exortou ainda todos os estrangeiros a abandonarem o Delta do Níger, afirmando que não se responsabilizará pelo que vier a acontecer-lhes.
As petrolíferas a operar na região, incluindo o gigante Shell, rejeitaram o ultimato, mas os receios de instabilidade no país, o mais populoso de África e o sétimo maior exportador mundial, empurraram os preços do crude para novos máximos.
Em comunicado, as forças nigerianas garantem estar em alerta máxima em toda a região, tendo reforçado a vigilância nas principais vias de acesso a Port Harcourt, capital do estado de Rivers. "Há também equipas de assalto prontas a intervir a qualquer momento, de forma rápida, em qualquer canto do estado", adianta a nota.
"O Governo está em alerta e nós estamos a colaborar com o Exército para perseguir esse grupo criminoso e fazer regressar a paz às explorações petrolíferas", acrescentou o porta-voz do governador local.
Os militares exigem ainda que o líder rebelde "e os seus semelhantes parem de encorajar a insurreição nas explorações" e pedem aos trabalhadores estrangeiros que não abandonem a região, garantindo que vão "continuar a perseguir e capturar os criminosos" onde quer que eles se escondam.
Os guerrilheiros da FVPDN — que as autoridades nigerianas classificam como "ladrões de petróleo" — dizem lutar pela autodeterminação do povo ijaw, a quarta maior etnia do país, que habita as florestas do Delta do Níger. Apesar da região ser muito rica em petróleo, a população local vive na miséria, recebendo pouco apoio das autoridades federais.
Os guerrilheiros acusam as petrolíferas internacionais de conivência na exploração das populações locais, pelo que afirmam que a laboração no Delta deve ser suspensa até que seja negociado a partilha dos recursos naturais e a desejada autodeterminação das populações locais.