Escritores denunciam restrições à liberdade de expressão na Rússia

Carta aberta assinada por 220 autores diz que as restrições se tornaram "draconianas" desde que Putin regressou à presidência.

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Putin inaugura nesta sexta-feira os Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi AFP

"O estrangulamento que a Federação Russa fez à liberdade de expressão é muito preocupante e precisa de ser enfrentada de forma a que surja na Rússia uma democracia saudável", disse, citado pelo jornal britânico The Guardian, o escritor Salman Rushdie.

A carta aberta condena a aprovação das leis que proíbem a publicitação de "relação sexuais não tradicionais" a menores de idade, criminaliza o que considera serem insultos religiosos e agrava as penas para os crimes de difamação. Três aspectos que, dizem os escritores, "põem em risco os autores" que "não podem ficar parados a ver os colegas escritores e jornalistas serem pressionados a manterem-se em silêncio ou a arriscarem serem processados e, às vezes, severamente punidos por se terem limitado a dizer o que pensam".

Assinam a carta escritores como Günter Grass, Ariel Dorfman, Carol Ann Duffy, Edward Albee, Julian Barnes, Iam McEwan ou  Lyudmila Ulitskaya - a última é russa, mas há escritores de 30 nacionalidades. O texto diz que as "restrições à liberdade de expresão" se tornaram "draconianas" desde que Vladimir Putin regressou à presidência, em Maio de 2012.

Rushdie, considerado o impulsionador da iniciativa organizada pelo PEN Clube Internacional, diz que esta campanha é "essencial" e "tremendamente importante para os escritores, artistas e cidadãos russos". "Acredito na liberdade de expressão, na liberdade de discurso, na liberdade de escrever, na liberdade de não concordar - são as liberdades mais importantes que temos como seres humanos. E não gosto de ver isso a desaparecer na Rússia. Espero que Putin leia esta carta e que mude de rumo", disse Neil Gaiman.

Os escritores querem que a Rússia reconheça a sua obrigação, à luz da Convenção de Direitos Civís e Políticos, de "respeitar a liberdade de opinião, de expressão e de crença - incluindo o direito de não acreditar - e que se comprometa a criar um ambiente em que todos os cidadãos possam beneficiar da livre troca de opiniões". "Uma democracia saudável - diz a carta - tem que ouvir as vozes independentes de todos os cidadãos." 

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