Morreu um dos líderes chineses que ordenaram a repressão em Tiananmen

Chen Xitong teve uma ascenção rápida no aparelho comunista mas foi travado por Jiang Zemin e condenado a 16 anos de prisão.

Foto
A vigilia de Hong Kong Philippe Lopez/AFP

O 24.º aniversário do movimento democrático chinês passou na terça-feira e em território chinês só foi assinalado com uma vigília de homenagem aos mortos em Hong Kong onde se juntaram dez mil pessoas. Na capital chinesa foi proibido assinalar a data e as autoridades impediram o acesso à praça de um grupo que queria lembrar as vítimas.

Hong Kong é um território de administração especial dentro da China e mantém a imprensa livre e um sistema legal próprio, o que permitiu a divulgação da vigília e em primeiro lugar a sua realização.

Chen Xitong, que estaria na casa dos 80 anos (o número certo é desconhecido dos media) teve um papel fundamental no massacre de Tiananmen. A BBC diz que é citado num livro sobre a China publicado no ano passado diz lamentar os mortos e – o número exacto nunca foi revelado pelas autoridades, há estimativas que falam em centenas de mortos e outras em milhares - e acreditar que a repressão era evitável.
 
Chen nasceu na província sulista de Sichuan e a presidência da câmara de Pequim, que assumiu em 1983, não foi o auge da sua carreira no Partido Comunista Chinês. Depois do esmagamento da revolta, foi promovido e ascendeu ao Politburo. A carreira acabaria abruptamente em 1995, quando foi acusado de corrupção, e em 1998 foi condenado a 16 anos de prisão - foi libertado em 2006 por motivos de saúde.
 
Os analistas que seguem a política chinesa disseram que a condenação teve também a ver com guerras internas pelo poder - estaria em competição directa com Jiang Zemin, que era o Presidente, refere a BBC online. O antigo presidente da câmara de Pequim estaria, junto de uma facção do partido, no topo da lista para se tornar um dos principais dirigentes do país.
 
Os protestos de 1989 duraram várias semanas e terminaram no dia 4 de Junho com uma violenta acção militar contra os manifestantes – os tanques foram mandados para a rua e ficou para a História a fotografia em que um estudante se mantém à frente de um deles –, na sua maioria estudantes universitários. Houve protestos noutras cidades. Foi um momento em que se tornaram visíveis as divergências no partido sobre o modo de lidar com a revolta estudantil e sobre o rumo político da China. Ganhou a linha dura.
Sugerir correcção
Comentar