Ministro sírio diz que ataque ao país beneficiaria Al-Qaeda

Ministro dos Negócios Estrangeiros sírio insiste que país não utilizou armas químicas no ataque de 21 de Agosto que matou 1400 pessoas e responsabiliza os Estados Unidos.

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Um membro da equipa de ONU durante as investigações a um dos locais de ataque químico nos arredores de Damasco AMMAR AL-ARBINI/AFP

A ideia foi defendida por Faisal Mekdad numa entrevista à BBC, na qual reiterou que o Exército sírio não utilizou quaisquer armas químicas nos combates mas sim os grupos apoiados pelos norte-americanos.

Desta forma, o ministro respondia às acusações por parte de Washington de que teria provas de que a Síria utilizou armas químicas num ataque no dia 21 de Agosto onde terão morrido mais de 1400 pessoas, das quais 426 seriam crianças.

“Qualquer ataque contra a Síria é uma forma de apoio à Al-Qaeda e aos seus grupos aliados”, insistiu o ministro. E alertou: “Continuo muito céptico. Continua a não ser claro para mim que reposta poderá ser dada pelo Irão, pelos sírios, contra Israel, contra nós, no campo no terrorismo”. Vários grupos ligados à Al-Qaeda têm tido um papel significativo na luta dos rebeldes para derrubar o Presidente Assad.

Faisal Mekdad, que é considerado muito influente junto do Presidente da Síria, também defendeu que qualquer intervenção por parte dos Estados Unidos poderá colocar os próprios norte-americanos em risco e desestabilizar todo o Médio Oriente.

As declarações do ministro surgem no mesmo dia em que a Rússia reiterou que não acredita nas provas dos Estados Unidos sobre a utilização de armas químicas na Síria. O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, citado pela AFP, disse que Moscovo "não está absolutamente convencido" das provas dos Estados Unidos, sublinhando que não foram mostradas quaisquer imagens ou cartas geográficas, existindo mesmo "incoerências". Aliás, no sábado, o Presidente russo, Vladimir Putin, já tinha classificado as acusações feitas por Washington como “um absurdo completo”.

A Rússia é um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas com direito a veto e, juntamente com a China, tem bloqueado qualquer resolução propondo uma acção militar com enquadramento internacional. Nenhum país apresentou ainda um texto a votação, mas uma proposta britânica ainda em rascunho para uma acção militar tem chumbo garantido.

No sábado, numa declaração proferida na Casa Branca, o Presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou que decidiu lançar um ataque contra o regime de Assad, mas contrapôs que irá pedir a autorização do Congresso para uma eventual acção.

Ainda assim, o secretário de Estado John Kerry sublinhou que o Presidente tem autoridade para lançar um ataque mesmo sem autorização do Congresso. Mas, segundo a BBC, esta situação está a colocar Obama numa das situações mais arriscadas dos seus mandatos – não só por ter pedido autorização ao Congresso mas por, eventualmente, vir a contrariar essa mesma posição e mesmo em termos de opinião pública, já que por exemplo no Reino Unido o Parlamento recusou participar numa eventual ofensiva.

Do lado das Nações Unidas, que enviaram uma missão de peritos à Síria para recolher amostras a locais onde terão sido usadas armas químicas, terminados os trabalhos, houve uma conferência de imprensa para anunciar que estas serão enviadas para vários laboratórios nesta segunda-feira. Mas nenhuma informação foi dada sobre resultados, ainda que preliminares.

Com um regime contestado de forma mais veemente há mais de dois anos, o país caiu entretanto numa guerra civil que já custou a vida a mais de 100 mil pessoas, segundo números da ONU.

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