Milhares já saíram à rua na véspera da grande “marcha republicana”

Mais de um milhão de pessoas esperadas em Paris no domingo. Passos Coelho vai estar ao lado dos outros líderes europeus.

Milhares de pessoas marcharam hojem em toda a França
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Milhares de pessoas marcharam hojem em toda a França JUSTIN TALLIS/AFP
Nice
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Nice VALERY HACHE/AFP
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Toulouse PASCAL PAVANI/AFP
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Lille DENIS CHARLET/AFP
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Nantes JEAN-SEBASTIEN EVRARD/AFP
Vincennes, Paris
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Vincennes, Paris KENZO TRIBOUILLARD/AFP
Caen
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Caen CHARLY TRIBALLEAU/AFP

Em Pau, no sudeste de França, entre 30 mil a 40 mil pessoas marcharam em silêncio no centro da cidade. “É um movimento popular infinitamente precioso”, resumiu à AFP o presidente da Câmara, François Bayrou.

Em Toulouse (Sul) saíram à rua cerca de 80 mil pessoas, em Nantes (Oeste) a polícia contabilizou mais de 30 mil pessoas, em Orleans foram 22 mil, em Nice 23 mil. O mesmo cenário repetiu-se em dezenas de cidades francesas, numa espécie de ensaio geral para a gigantesca concentração que é esperada para a capital francesa no domingo a partir das 15h (14h, em Lisboa).

“Vai ser uma manifestação inédita, que deve ser forte, digna, que deve mostrar a pujança e a dignidade do povo francês que vai gritar o seu amor pela liberdade e a tolerância. Venham todos, em grande número”, apelou o primeiro-ministro Manuel Valls.

O governo francês anunciou um reforço da segurança na capital e nos seus arredores, já em alerta máximo face ao risco de novos atentados terroristas. Mais de mil soldados do Exército estarão ao lado das forças policiais nas ruas de Paris.

As autoridades esperam mais de um milhão de pessoas na “marcha republicana” de Paris, às quais se vão juntar um conjunto de líderes políticos, franceses e estrangeiros, que quiseram estar ao lado do Presidente francês François Hollande nesta demonstração de unidade contra o terrorismo e o extremismo religioso. A chanceler alemã, Angela Merkel, o primeiro-ministro britânico David Cameron, o italiano Matteo Renzi, o espanhol Mariano Rajoy vão marchar ao lado da quase totalidade dos líderes europeus, incluindo o português Pedro Passos Coelho.

O primeiro-ministro português viaja para Paris acompanhado pela presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves. Em nome do grupo parlamentar do PSD irá desfilar o membro da Comissão Política e deputado eleito pela emigração Carlos Gonçalves. O grupo parlamentar do PS será representado pelo deputado Paulo Pisco. E em representação do Bloco de Esquerda estará na manifestação Francisco Louçã, que desfilará junto à Front de Gauche.  Também o PCP se fará representar na manifestação em Paris ou por um deputado à Assembleia da República ou por um deputado ao Parlamento Europeu. 

Marrocos, que atravessa um período de difíceis relações diplomáticas com a França, faz-se representar pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Salaheddine Mezouar, mas Rabat já avisou que “se forem apresentadas caricaturas representando o profeta durante a marcha”, o ministro não poderá participar no evento.

O apelo de Le Pen
A grande ausente da marcha de domingo será Marine Le Pen, líder da Frente Nacional (extrema-direita), a quem o governo socialista não endereçou um convite formal para participar. "Encontraremos outras formas de comunicar com os franceses", disse o seu pai, Jean-Marie Le Pen.

Numa mensagem publicada no site do partido, a líder da Frente Nacional apelou aos seus apoiantes para se manifestarem no domingo em todas as cidades menos Paris. “Vamos desfilar onde o espírito de tolerância é mais forte, onde o sectarismo é menos violento”, escreveu Le Pen. Paris fica para os políticos que “representam aquilo que os franceses detestam: o espírito partidário, o eleitoralismo e a polémica indecente”.

Recorde-se que foi Manuel Valls, pressionado pelos partidos de esquerda, que fechou a porta a uma participação da Frente Nacional na marcha de Paris. “Esta marcha é uma reacção em defesa de valores e entre eles está a tolerância, a luta contra o racismo, o anti-semitismo, contra os actos antimuçulmanos, uma certa ideia de República. Não é uma manifestação a favor da pena de morte”, afirmou o primeiro-ministro. Numa das primeiras reacções ao ataque ao Charlie Hebdo, Le Pen tinha reafirmado que, se for eleita Presidente em 2017, irá realizar um referendo sobre a reintrodução da pena de morte.

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