Microsoft acusada de ajudar espionagem americana
Documentos fornecidos por Snowden e divulgados pelo Guardian indicam que empresa colaborou com NSA e FBI na intercepção e descodificação de comunicações.
A notícia é do jornal Guardian, que cita documentos secretos fornecidos pelo antigo analista de sistemas da agência Edward Snowden para ilustrar a escala de cooperação entre empresas informáticas e agências de espionagem norte-americanas nos últimos anos.
O diário britânico escreve que a Microsoft trabalhou com o FBI (Federal Bureau of Investigations) e com a NSA para facilitar o acesso ao serviço de armazenamento de dados SkyDrive através do Prism – um programa de vigilância informática cuja existência foi divulgada no mês passado.
A descodificação de mensagens encriptadas nos chats e no email do novo portal Outlook.com seria uma das formas de ajuda dada pela empresa à NSA. A Microsoft ajudou também o Prism a aceder a conversas vídeo e áudio feitas através do Skype, segundo o jornal.
É igualmente revelado que a informação obtida pela NSA é regularmente partilhada com o FBI e a CIA.
A Microsoft tinha anteriormente declarado que não facultara o acesso directo da NSA a informação dos utilizadores. Na quinta-feira, segundo a Reuters, repetiu que só fornece informação em resposta a pedidos fundamentados legalmente. “Para ser claro, a Microsoft não fornece a qualquer Governo acesso directo ao SkyDrive, Outlook.com, Skype ou a qualquer produto Microsoft”, indica uma declaração colocada no seu site.
As novas revelações acontecem quando Snowden se encontra ainda no aeroporto de Moscovo, onde permanece há semanas. O antigo analista pediu entretanto um encontro com defensores de direitos humanos – noticiaram as agências na manhã desta sexta-feira.
O homem que revelou a existência programa Prism ainda não respondeu à oferta de asilo que lhe foi feita pelo Governo da Venezuela.
O caso é comprometedor para os Estados Unidos, que na quinta-feira se manifestaram “muito desapontados” por o Governo de Pequim não lhes ter entregado Snowden, que esteve em Hong Kong, antes de viajar para a Rússia. O secretário de Estado adjunto William Burns disse, numa conferência de imprensa, que a gestão do dossier por Pequim “não foi coerente” com os apelos a uma melhor cooperação entre os dois países.
Snowden revelou a vigilância de comunicações de milhões de norte-americanos e de estrangeiros. A NSA teria também espiado “alvos” institucionais como a União Europeia e representações diplomáticas de aliados dos Estados Unidos.