Ataque de milícias islamistas somalis no Quénia faz meia centena de mortos

Grupo armado entrou em cidade da costa do Índico e executou 49 habitantes.

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Os atacantes incendiaram vários edifícios da cidade de Mpeketoni Joseph Okanga/Reuters

Muitos habitantes tinham-se concentrado nos hotéis e restaurantes para assistir ao jogo do Mundial de futebol entre a Suíça e o Equador quando se ouviram os primeiros disparos. Horas depois, quando as dezenas de atacantes deixaram Mpeketoni, na costa Norte do Quénia, 49 cadáveres jaziam nas ruas da cidade.

Vários residentes contaram que os atacantes se identificaram como membros das Al-Shabaab, milícia islamista aliada da Al-Qaeda que continua a aterrorizar a metade Sul da Somália. “Eram uns 50, fortemente armados. Traziam a bandeira das Shabaab e falavam em somali”, contou à AFP um autarca local. Vários edifícios foram queimados e testemunhas contam que os atacantes separaram homens de mulheres, matando-os em seguida.

Ainda chegou a ser admitida a hipótese de na origem do ataque estar um conflito local – na cidade, a uns 30 km da costa, vivem sobretudo cristãos, enquanto as zonas mais próximas do mar são de maioria muçulmana. Mas num comunicado divulgado horas depois, as Al-Shabaab reivindicaram a autoria do ataque, justificando-o como uma resposta "à repressão brutal do Governo queniano contra os muçulmanos" no país. Advertem ainda os turistas estrangeiros "a ficarem longe do Quénia, por razões de segurança".

O ataque de domingo é o mais sangrento lançado no país pelo grupo – considerado um dos mais perigosos ramos do jihadismo actual – desde que, em Setembro do ano passado, uma célula da organização atacou um centro comercial em Nairobi, matando 67 pessoas. O Quénia tornou-se um alvo das Al-Shabaab depois de, em Outubro de 2011, ter enviado tropas para combater os islamistas na Somália em retaliação por uma série de ataques e sequestros no seu território.

O alvo preferencial dos extremistas é a costa do Índico, onde vive boa parte da comunidade de etnia somali e se concentram os hotéis e estâncias turísticas que alimentam o turismo do Quénia. Mpeketoni situa-se a poucos quilómetros de Lamu, cidade histórica no arquipélago com o mesmo nome, que é uma das principais atracções da região. Começam, por isso, a ouvir-se vozes a pedir explicações sobre como foi possível um grupo atravessar quase cem quilómetros de território queniano, atacar durante várias horas uma cidade e matar os seus habitantes, abandonando o local sem que as forças de segurança tenham actuado.

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