Mãe condenada por vestir filho com t-shirt com as palavras jihad e "bomba"
Caso polémico termina com condenação um ano depois de a criança ter entrado na escola com uma camisola a dizer “Jihad, nascido a 11 de Setembro”.
A denúncia foi feita pelo município de Sorgues há um ano. O autarca local, Thierry Lagneau, confirmou a identidade e a data de nascimento da criança e o processo avançou para o tribunal de Avignon, onde foi aberto um inquérito.
“Esta criança, dada a sua idade, não pode assumir qualquer responsabilidade. Denuncio a atitude dos pais, que usaram vergonhosamente a pessoa e a idade da criança para transmitir uma mensagem com significado político”, defendeu Lagneau.
Segundo o procurador da República em Avignon, Bernard Marchal, em declarações citadas pela agência em Novembro do ano passado, a mãe do menino, Bouchra Bagour, ficou surpresa com a reacção que a roupa do filho provocou na escola e na comunidade local, admitindo que nunca imaginou que o caso tomasse tais proporções. O responsável sublinhou ainda que a mulher e o irmão, Zeyad Bagour, não foram considerados islamitas radicais.
O procurador lamentou a “utilização de uma criança para usar aquele tipo de frase” e sublinhou que é necessário “impor limites” em casos como este. O responsável decidiu que Bouchra, uma secretária de 35 anos, e Zeyad, empregado de mesa de 29 anos, deveriam ser ouvidos em tribunal por suspeita de “apologia de crime”.
Em Abril deste ano, mãe e tio foram absolvidos em primeira instância, mas o procurador apelou da decisão. “Assistimos à evocação desinibida do terrorismo. Não queremos ver esse tipo de frases nas escolas ou nos tribunais ", sustentou o ministério público.
Em tribunal, o tio da criança disse que tudo se tratou de um mal-entendido e que não há qualquer relação com os atentados de 2001 nos Estados Unidos. “A frase ‘Sou uma bomba’ é utilizada em todo o mundo. Quanto a ‘Jihad, nascido a 11 de Setembro’, trata-se realmente do seu nome [criança] e do seu aniversário”, justificou.
O Tribunal de Recursos de Nîmes decidiu agora pela condenação de Bouchra e Zeyad. A mulher foi condenada a um mês de prisão com pena suspensa e ao pagamento de uma multa de 2000 euros. O irmão foi também considerado culpado de “apologia de crime” e condenado a dois meses de prisão, também com pena suspensa, e ao pagamento de 4000 euros.
A defesa dos dois irmãos considerou a decisão “surpreendente” e admitiu recorrer para o Supremo Tribunal.