Líbano coloca Exército na fronteira e tenta conter violência vinda da Síria

Atentado suicida e rockets vingam perda de cidade estratégica para a oposição a Assad. Militares libaneses em estado de alerta no vale de Bekaa e na cidade de Trípoli.

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Membros das forças de Assad em Yabroud, depois da fuga da oposição Joseph Eid/AFP

Segunda-feira de manhã, o Exército do Líbano já reforçava a sua presença na fronteira, com unidades de elite envolvidas nas patrulhas. Depois de terem recebido informações sobre “uma viatura armadilhada para ser usada em ataques terroristas”, os militares fizeram explodir o veículo sem sequer se aproximarem para uma revista. Ao longo do dia, quatro rockets disparados a partir da Síria atingiram a região de Bekaa, ferindo pelo menos um civil.

Para a oposição síria, a perda de Yabroud foi uma dura derrota. Libertada ainda em 2011, a cidade chegou a viver em paz e a ser governada por um conselho civil. A tranquilidade começou por ser perturbada com a chegada de jihadistas estrangeiros. A presença dos radicais abriu divisões entre os rebeldes armados, preparando o caminho para a vitória das forças de Assad e dos homens do Hezbollah – o assalto final, dizem várias testemunhas, foi liderado por uma unidade libanesa, que matou 13 líderes rebeldes.

O Hezbollah não tentou esconder a sua participação. Antes pelo contrário: dirigentes do grupo anunciaram a tomada de Yabroud como um desenvolvimento importante, que impediria a entrada no Líbano dos carros armadilhados que desde o início do ano têm explodido nos subúrbios xiitas de Beirute. Aí mesmo, houve milicianos a festejarem nas ruas, dezenas de jovens em paradas e a disparar para o ar.

Yabroud era o último bastião dos rebeldes nas montanhas de Qalamoun, junto à fronteira que separa a Síria do Líbano. Fundamental para abastecer os combatentes anti-regime com material vindo do Líbano, fica apenas a poucos quilómetros da auto-estrada que liga Homs a Damasco, cujo controlo o Governo assegura agora.

Combatentes em fuga
O problema é que vários grupos radicais prometeram de imediato vingar-se do Hezbollah – duas formações diferentes reivindicaram o atentado suicida de Bekaa. Para além disso, centenas de pessoas entraram no Líbano em fuga de Yabroud durante o fim-de-semana. Há muitos civis, mas responsáveis libaneses citados pelo jornal The Daily Star estimam em 1000 a 1500 o número de combatentes armados (A Reuters fala em 2000) e temem que estes desenvolvimentos exacerbem ainda mais as tensões sectárias do seu lado da fronteira.

Dos quatro rockets, dois caíram em Labwa, uma vila xiita a oito quilómetros de Arsal, localidade sunita que já foi palco de combates entre grupos pró a anti-Assad e onde 400 famílias procuraram refúgio nos últimos dias. Logo depois do ataque, descreve a Reuters, homens armados tomaram posições nas ruas principais de Arsal. Temendo a possibilidade de rebeldes em fuga da Síria se estarem a preparar para lançar ataques a partir da vila, o Exército libanês apressou-se e fechar as estradas que dão acesso a Arsal.

“Vão chover rockets em Baalbek”, disse Waleed Sukarieyh, deputado do Hezbollah, citado pela televisão de notícias libanesa Al-Jadeed. “Vamos ter o Líbano mesmo envolvido na guerra”, antecipa. Baalbek é uma das cidades principais do vale de Bekaa.

Num encontro com as chefias militares, o primeiro-ministro libanês, Tammam Salam, pediu que sejam tomadas “todas as medidas necessárias para controlar a situação nas regiões de fronteira de Bekaa”.

Enquanto isso, na segunda cidade do país, Trípoli, no Norte, doze pessoas morreram nos últimos dias em combates que opõem muçulmanos sunitas e alauitas (o ramo do xiismo a que pertence Assad). Também aqui Salam deu ordens aos militares para “adoptaram tolerância zero” contra qualquer ameaça à segurança.

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