Jihadistas da Al-Qaeda declaram "guerra total" aos islamistas na Síria e aos xiitas no Iraque

O confronto dentro dos vários ramos do islão agrava-se, tornando os conflitos mais caóticos e violentos.

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Uma rua de Alepo tomada pelo exército da oposição ao Estado Islâmico do Iraque e Levante Abdalrhman Ismai/Reuters

"Nenhum de vocês sobreviverá, faremos de vocês um exemplo para todos os que pensarem seguir o mesmo caminho", disse o porta-voz do ISIL, Abou Mohammed al-Adnani. Foram anunciadas recompensas para quem "aniquilar" inimigos.

O confronto entre os dois ramos do islão adensa-se, tornando os conflitos na Síria e no Iraque mais confusos e violentos. O ISIS tem como objectivo erguer um Estado regional, o califado de que falava Osama Bin Laden, estendendo-se pelo menos das margens iraquianas do Eufrates à costa mediterrânica do Líbano. Na Síria, o grupo entrou na guerra ao lado de outros grupos islamistas que, de início, combateram ao lado da oposição a Bashar al-Assad, mas rapidamente a coesão se desfez devido às agendas individuais.

Agora, o ISIS declarou guerra às outras formações islamistas – sendo que algumas os combatem –, só escapando ao discurso de "aniquilação" a filial síria da Al-Qaeda, a Frente al-Nusra.

O chefe desta última brigada, Abou Mohammad al-Jolani, apelara na terça-feira a um cessar-fogo entre os islamistas, de forma a os vários grupos poderem concentrar-se na luta contra Assad, que vai ganhando terreno em Alepo. "Os grandes beneficiários do que se está a passar somos nós", disse uma fonte do Governo de Damasco à AFP.

A cidade que era, antes da guerra civil, o grande centro comercial da Síria tem bairros controlados pelos jihadistas, que ali instalaram o seu quartel-general, mas o exército governamental está a ganhar terreno. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, citado pela AFP, avançava que grupos de jihadistas que estavam noutro ponto da Síria, em Deir Ezzor, se movimentaram em direcção a Alepo, para aumentar a capacidade de resistência do ISIL. Ainda assim, os jihadistas estão a perder terreno para as tropas de Assad e, em alguns bairros, para o exército da oposição ao regime de Damasco.

Brigadas jihadistas deslocaram-se também para Raqa, onde, diz o Observatório (uma organização com sede fora da Síria em contacto com grupos organizados no terreno), travam-se combates entre o ISIL e a Frente Al-Nusra.

No Iraque, o ISIL tomou duas cidades da região de Anbar, Fallujah e Ramadi (a capital desta província de maioria sunita). O primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, disse que se prepara uma grande investida para a reconquista das cidades e incitou os que se juntaram à Al-Qaeda e estão agora cercados pelas tropas de Bagdad – uma informação que ainda não foi confirmada por fontes independentes – para deporem as armas e beneficiarem de um possível perdão.

Malili usou o termo "guerra santa" para apelar às tribos sunitas que se juntem ao exército na guerra contra os jihadistas. "Voltem à razão", disse.

"Não deponham as armas, porque, se o fizerem agora, os xiitas vão reduzir-vos a uma escravatura de onde nunca sairão", disse o porta-voz do ISIL. Tanto o regime de Maliki no Iraque como de Bashar al-Assad na Síria são xiitas, um dos grandes ramos em que se divide o islão. A Al-Qaeda e os jihadistas internacionais são árabes sunitas, como a maioria dos muçulmanos no mundo.

 
 
 
 

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