James Foley escreveu uma carta à família: "Quando rezo, nesta escuridão, sinto-me perto de vocês"
O jornalista americano foi degolado e decapitado pelo Estado Islâmico.
A carta lembra momentos de infância, tem memórias de Foley com os irmãos e a irmã, pede à avô para se lembrar de tomar os medicamentos e descreve a sua vida no cativeiro. Os raptores do EI não autorizaram que fosse ele a escrever a carta à família, por isso um outro refém decorou-a pouco antes de ser libertado e fê-la chegar aos destinatários.
"Quando sonho com a minha família e com os meus amigos liberto-me deste lugar e o meu coração enche-se de felicidade". James Foley recorda um passeio de bicicleta com a mãe e uma brincadeira em que, com o irmão, de noite, faziam de lobisomens.
Também descreve a vida em cativeiro. "Temo-nos uns aos outros e temos conversas intermináveis sobre filmes, desportos, trivialidades. Jogamos jogos que construímos com coisas que encontrámos na nossa cela... encontrámos uma forma de jogarmos xadrez, damas e Risk... e fazemos campeonatos, passando alguns dias a traçar estratégias para os jogos dos dia seguinte ou em leituras". "Os jogos ajudam-nos a passar o tempo. Têm sido grandes ajudas. Repetimos histórias e rimo-nos para aliviar a tensão".
A carta foi publicada na página Find James Foley do Facebook. Originalmente, esta página criada pela família do jornalista pretendia ser um alerta ao seu desaparecimento, mas tornou-se agora um tributo à sua memória.
"Tenho tido dias maus e dias bons", diz Foley. "Ficamos tão agradecidos quando alguém é libertado; mas, claro, desejamos a nossa própria libertação".
A mensagem para a avó termina a mensagem do jornalista assassinado: "Avozinha, por favor toma os remédios, faz caminhadas e continua a dançar. "Quando voltar vou levar-te a beber margaritas. Fica forte porque vou precisar da tua ajuda para retomar a minha vida".