Governo húngaro quer enviar exército para controlar refugiados
No Mediterrâneo, guarda costeira italiana encontra embarcação com 50 mortos no porão.
O Governo de Budapeste que "ter a possibilidade de recorrer ao exército para desempenhar tarefas ligadas às migrações e à defesa da fronteira", declarou Szilard Nemeth, vice-presidente da comissão parlamentar de Segurança Nacional, membro do Fidesz, o partido do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán.
Budapeste quer tornar as suas fronteiras estanques. "A partir de 5 de Setembro, a protecção fronteiriça vai ser reforçada com mais 2106 polícias", disse o responsável pela polícia húngara, Karoly Papp. A fronteira com a Sérvia já é guardada actualmente por mais de 1000 polícias, com a função de interceptarem cidadãos de países africanos e do Médio Oriente que tentam entrar na Hungria sem documentos.
De acordo com o relato de um porta-voz da polícia, Szabolcs Szenti, os migrantes recusaram-se a dar as suas impressões digitais. "A polícia tentou acalmar a situação, mas os migrantes continuaram a gritar", disse o porta-voz.
Mais de 2000 pessoas atravessaram na segunda-feira a fronteira sérvia para entrarem na Hungria, um país-membro da União Europeia e no limite do espaço Schengen. Os 2000 migrantes faziam parte de um grupo de 7000 que tinham partido da Grécia.
Mortes e pedidos de socorro
No Mediterrâneo, outro pólo da crise da que é a maior e mais grave crise de refugiados na Europa, um navio que participa na operação de salvamento socorreu nesta quarta-feira um barco que tinha abordo 439 pessoas vivas e quase 50 mortas. Os mortos estavam no porão — os lugares que os traficantes de pessoas vendem mais barato, cobrando depois para que os que viajam ali possam ir à superfície respirar ar puro — podendo ter morrido por inalação dos gases expelidos pelo motor.
Nesta quarta-feira, e só no período da manhã, as equipas que socorrem os refugiados e imigrantes que tentam chegar à Europa pela rota do Mediterrâneo, resgataram do canal da Sicília, de embarcações superlotadas e frágeis, 1900 pessoas, um número avançado pela imprensa italiana. Segundo a Frontex, a agência da União Europeia para o registo deste fluxo populacional, os navios responderam a dez pedidos de socorro de barcos provenientes da costa líbia — como aquele onde viajavam as pessoas mortas.
Por esta rota no Mediterrêneo que termina em território italiano chegam sobretudo pessoas oriundas da Líbia, do Sudão, da Eritreia, da Síria e do Afeganistão. A Organização Internacional das Migrações, entre Janeiro e o início de Agosto 188 mil pessoas chegaram à Europa (sobretudo a Itália e à Grécia) através do Mediterrâneo; dois mil homens, mulheres e crianças morreram na travessia.