População da Serra Leoa forçada a ficar em casa para conter o ébola

Autoridades anunciaram que durante três dias ninguém será autorizado a sair de casa, numa tentativa de travar a propagação do ébola, que já matou 491 pessoas no país.

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Rapariga que pode estar infectada com Ébola em Kenema, na Serra Leoa, uma das cidades de quarentena CARL DE SOUZA/AFP

O país, com 5,7 milhões de habitantes, já conta com 491 mortos na lista das vítimas da febre hemorrágica. A medida drástica agora anunciada visa facilitar a detecção de doentes escondidos pelos seus familiares, numa tentativa de fazer travar a progressão da epidemia que, segundo a Organização Mundial de Saúde, já matou mais de 2000 pessoas, num total de quase 4000 mil casos.

“A proibição de sair de casa significa que ninguém e nenhum veículo, à excepção daqueles que são essenciais para os serviços de saúde e de segurança, será autorizado a circular. A medida aplica-se a toda a gente”, afirmou o porta-voz do governo, Abdulai Barratay, citado pela AFP.

Na prática, a medida corresponderá a fechar o país durante três dias. Uma "abordagem agressiva, mas necessária para lidar com a propagação do ébola", disse o assessor presidencial, Ibrahim Ben Kargbo à Reuters.

Durante esses três dias, as equipas médicas “vão andar porta-a-porta para detectar prováveis doentes com ébola escondidos em casa pelos familiares”, acrescentou Barratay, explicando que nesse período haverá um reforço de veículos e pessoal médico, e que este tipo de recolher obrigatório voltará a ser aplicado periodicamente até que o ébola seja vencido.”

“No dia 18 de Setembro toda a população será mobilizada”, na véspera do início da aplicação da medida para que toda a gente se prepare para estar três dias fechada em casa.

Este cenário de epidemia galopante  não impediu o futebolista Kei Kamara, ex-jogador do clube inglês Middlesbrough e capitão da selecção da Serra Leoa, de aceitar a convocação para o jogo deste sábado contra a Costa do Marfim, que após semanas de negociações acabou por permitir que a partida se disputasse em Abidjan, impondo como condição que nenhum dos jogadores visitantes tenha estado na Serra Leoa durante os últimos 21 dias.

“Vou enfrentar o ébola e sacrificar-me pelo país”, disse ao jornal brasileiro Folha de S. Paulo o avançado da Serra Leoa, um dos 19 jogadores do seu país – todos eles radicados na Europa ou nos Estados Unidos – chamados para o jogo contra a Costa do Marfim. “Vou- me encontrar com dirigentes federativos e com as suas famílias, e vou cumprimentá-los e tocar-lhes”, garantiu Kei Kamara.

“Quando entramos em campo, unimos as pessoas: não há mais conflitos nem medo”, disse ainda o capitão da selecção da Serra Leoa. “Somos de um país muito pobre, e se estamos hoje numa situação melhor, devemos doar dinheiro para ajudar no combate ao ébola”, defendeu, garantindo que vai aproveitar a viagem para conversar com responsáveis e ver no que pode ajudar.

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