Greve geral paralisou 20 grandes cidades no Brasil

Foi a primeira greve geral em 22 anos, a segunda em democracia.

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Confrontos no Rio de Janeiro CHRISTOPHE SIMON/AFP

No Recife, foram cortadas estradas, em Salvador os autocarros não andaram, em Brasília foi ocupado um edifício oficial (o Instituto da Reforma Agrária), em Belo Horizonte o metro não circulou, em São Paulo (onde este protesto político não juntou tanta gente como os manifestações contra o aumento dos transportes públicos, os gastos com o futebol e o pouco investimento em áreas com oa  saúde, os transportes e a educação) foram cortadas estradas e o acesso a porto foi bloqueado, em Porto Alegre foram cortadas auto-estradas, no Rio de Janeiro as escolas públicas ficaram encerradas, assim como os correios e os bancos e o porto de Itaguaí. Em algumas cidades, houve confrontos isolados.

Entre os sindicatos que se reuniram para este Dia Nacionalde Luta estão a poderosa Central Única dos Trabalhadores - próxima do Partido dos Trabalhadores da Presidnete Dilma Rousseff - e o Movimento dos Sem Terra.

Os sindicatos exigem que o Governo de Dilma Rousseff aprove a semana de trabalho de 40 horas (em vez das actuais 44) sem redução salarial, que seja regulamentado que 10% do PIB seja investido em educação, que 10% do orçamento do Estado seja destinado à saúde, exigem transportes públicos de qualidade, aumento das pensões, o fim dos leilões do petróleo e a concretização da reforma agrária.

O líder da segunda maior central sindical (Força Sindical), Paulo Pereira, conhecido por Paulinho da Força, disse que o dia da greve foi apenas um "afinar dos motores" para uma "verdadeira greve nacional" que deverá ser marcada para Agosto se Dilma Rousseff não der sinais de aceitar negociações. No relato do El País, cujos correspondentes em São Paulo e Rio de Janeiro acompanharam as manifestações e comícios, o sindicalista perguntou aos manifestantes no Rio se aceitavam essa ideia de uma verdadeira greve geral nacional - se bem que a de quinta-feira já fora anunciada como nacional.

Os analistas brasileiros notavam que o dia de quinta-feira deve ser olhado de forma diferente das manifestações populares que têm decorrido no país nas últimas semanas e que começaram para contestar o aumento dos bilhetes nos transportes públicos e os gastos com a realização de um campeonato internacional de futebol (o Mundial e os Jogos Olímpicos, que se vão realizar no Brasil, acabaram por ser juntos ao protesto). As manifestações da sociedade civil juntavam a corrupção dos políticos às suas queixas e alguns observadores sublinharam que o uso da força contra os manifestantes foi inferior ao de outros dias.

Ainda assim, a polícia de choque usou canhões de água e gás lacrimogéneo para tentar dispersar as pessoas.

As primeiras análises políticas diziam que os sindicatos, que quiseram aproveitar a vaga de indignação nas ruas, não souberam aproveitar bem o momento. "Os dirigentes sindicais estão ligados a determinados grupos políticos e ao Governo, o que ajuda a que se perceba o reduzido número de pessoas que saíram à rua, quando comparado com as manifestações do Movimento Passe Livre", escreveu na Folha de São Paulo o analista político Marco António Teixeira.

 

 
 
 
 
 

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