Grécia falha eleição de Presidente e vai ter legislativas antecipadas a 25 de Janeiro
Parlamento é automaticamente dissolvido depois de, esta segunda-feira, ter falhado a eleição do único candidato presidencial, Stavros Dimas, apoiado pela coligação governamental.
A inevitabilidade de eleições foi confirmada depois de o candidato presidencial Stavros Dimas, apoiado pela coligação governamental formada pelo Partido Nova Democracia e pelos socialistas do Pasok, não ter sido eleito pelo Parlamento.
Na terceira volta da eleição, na manhã desta segunda-feira, Dimas conseguiu 168 votos, mas precisava do apoio de 180 deputados. A não eleição do candidato presidencial implica a dissolução do Parlamento, segundo a Constituição grega.
Os 168 votos são um resultado exactamente igual ao da segunda volta, realizada no dia 23 de Dezembro. Na primera ronda, no dia 17, o candidato obteve 160.
Nas duas primeiras votações eram necessários 200 votos para a eleição, na terceira teriam bastado 180. Os partidos da coligação governamental têm apenas uma maioria de simples de 155 deputados num Parlamento de 300.
Os esforços do executivo do primeiro-ministro Antonis Samaras para captar votos noutras areas só lhe garantiram o apoio de 13 outros parlamentares. A maioria dos deputados das bancadas da oposição – que incluem o Syriza (Coligação de Esquerda Radical), o partido neonazi Aurora Dourada, o Partido Comunista, a Esquerda Democrática, os Gregos Independentes, de direita, e parlamentares sem vínculo partidário – mantiveram a recusa em apoiar o candidato presidencial.
As sondagens realizadas um dia depois da segunda votação apontavam para vitórias do Syriza nas eleições antecipadas, com uma vantagem superior a 3% em relação ao Nova Democracia. Mas a maioria dos inquiridos dizia também não querer eleições antecipadas. Ainda que se mantenha à frente nas intenções de voto, o principal partido da oposição tem visto diminuir a vantagem relativamente a estudos de opinião realizados nos últimos meses.
Perante a hipótese de as eleições legislativas poderem levar o partido de esquerda radical ao poder, Antonis Samaras alertou na véspera para o perigo da "aventura" que seria esse cenário.
Samaras anunciou que vai reunir-se com o Presidente grego, Karolos Papoulias, e revelou que pedirá eleições para 25 de Janeiro. Uma data alternativa até agora avançada era a 1 de Fevereiro. "A vitória será nossa", garantiu o primeiro-ministro, perante o Parlamento, já após o falhanço da eleição do seu candidato presidencial.
"As pessoas não vão deixar que os seus sacrifícios sejam desperdiçados", disse ainda Samaras, citado pelo jornal Ekathimerini, num discurso que lança o tom da campanha eleitoral que se seguirá. O líder dos conservadores aproveitou ainda para colar o Syriza e o Aurora Dourada por ambos os partidos terem forçado as eleições antecipadas.
O líder do Syriza, Alexis Tsipras, disse ser "um dia histórico para a Grécia". "Com a ajuda do povo grego, as políticas de austeridade do memorando [acordado com a troika em Maio de 2010] passarão à história. O futuro já começou", afirmou, citado pelo Ekathimerini.
Entretanto, os mercados financeiros já sentiram o impacto da dissolução do Parlamento grego. A bolsa grega, que abriu no vermelho, caiu mais de 11% durante a sessão parlamentar e os juros da dívida a dez anos subiram para 9%.
Entre os responsáveis da troika, o Fundo Monetário Internacional fez um breve comunicado de reacção aos desenvolvimentos na Grécia afirmando que os trabalhos da sexta avaliação do Fundo ao programa grego "serão retomados quando um novo Governo tomar posse". O FMI garantiu ainda que "a Grécia não enfrenta necessidades de financiamento imediatas".
O empréstimo do FMI está numa fase diferente do dos fundos de estabilização europeus, que estão quase a ser concluídos. Os líderes europeus decidiram adiar por dois meses, até perto do final de Fevereiro, a conclusão da última avaliação do programa grego a realizar pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu. Fica a dúvida se este adiamento será suficiente para permitir que o Governo que sair das próximas eleições possa negociar as medidas exigidas pela troika para concluir o programa e, eventualmente, dar início a um novo tipo de apoio financeiro, como um programa cautelar.
O Syriza, que ganhou popularidade pela constante oposição às medidades de austeridade impostas pela troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), venceu em Maio as eleições europeias.