Grécia anuncia encerramento temporário da TV pública
Ecrãs dos canais da emissora ERT vão ficar negros a partir da meia noite desta terça-feira.
Nesta quarta-feira de manhã já não haverá transmissão, disse um porta-voz do Governo, acrescentando que mais de 2000 funcionários serão suspensos até que a empresa reabra, o que deverá acontecer “o mais cedo possível”, disse.
Esta medida foi uma das mais drásticas anunciadas em relação às instituições públicas na Grécia e levou a imediatos protestos não só dos trabalhadores mas também dos partidos mais pequenos que fazem parte da coligação no Governo. É o primeiro caso de despedimentos em massa no sector público – o Governo tem prometido cortes nos funcionários públicos (no acordo com a troika, comprometeu-se a despedir 15 mil até 2015) mas até agora não tinha ainda feito qualquer corte.
Não há vacas sagradas
“Numa altura em que o povo grego está a passar por sacrifícios, não há espaço para demoras, hesitações ou tolerância para com vacas sagradas”, declarou o porta-voz Simos Kedikoglou numa comunicação transmitida pela TV estatal, que tem 70 anos de história.
“A ERT é um caso de falta de transparência excepcional e extravagância incrível. Isso acaba agora”, disse o porta-voz, citado pela AFP. A televisão é suportada por uma taxa de 4,3 euros mensais paga junto com a conta da electricidade.
O diário grego Kathimerini sublinhava que está longe de ser claro como é que a remodelação vai afectar a emissora de TV e rádio.
Os trabalhadores estavam em estado de choque. Um engenheiro no departamento de multimédia, que deu apenas o seu primeiro nome, Yannis, contou como o Governo “anunciou que os canais vão encerrar à meia-noite – os ecrãs vão ficar negros”. “De acordo com o Governo, a partir desta noite vou ficar desempregado. É um choque enorme. Dentro de quatro horas não vou ter emprego”.
A Grécia tem batido recorde após recorde na sua taxa de desemprego, que chegou em Março aos 26,8%.