Governo do Egipto decreta Irmandade Muçulmana como “organização terrorista”

Movimento islamista egípcio proibido de se manifestar.

Foto
Funeral das vítimas do atentado que oGoverno diz ter sido da autoria da Irmandade Muçulmana MAHMOUD KHALED/AFP

No final de uma reunião de governo, o vice-primeiro-ministro Hossam Eissa anunciou que aquela confraria, nascida há mais de 85 anos, tinha sido declarada como “organização terrorista”, enquanto o ministro da Solidariedade social, Ahmad el-Boraie, acrescentou que “todas as suas actividades” estavam a partir de agora interditas, nomeadamente as manifestações.

Eissa sublinhou que o governo decidiu “punir conforme está estipulado na lei quem quer que seja que pertença a esse grupo".

Este anúncio é a mais recente machadada no movimento islamista aplicada pelas novas autoridades dirigidas de facto pelos militares que destituíram Morsi no início de Julho, antes de se lançarem numa sangrenta repressão dos manifestantes que pediam o regresso ao poder do primeiro Presidente eleito do Egipto. Esta implacável campanha já provocou um milhar de mortos e levou para a prisão muitos milhares mais. Quase toda a direcção da Irmandade Muçulmana está atrás das grades.

Este anúncio do governo acontece um dia depois de um atentado suicida contra uma esquadra da polícia no norte do país que provocou 15 mortos. O atentado, condenado pela Irmandade, foi reivindicado por um grupo jihadista baseado no Sinai e que se diz inspirado pela al-Qaeda. Mas pouco depois desta reivindicação, um comunicado do governo acusava os islamistas e afirmava que o “todo o Egipto estava em choque por causa do horrível crime cometido pelos Irmãos Muçulmanos”.

O Partido da Liberdade e da Justiça, braço político do movimento islamista, venceu todas as eleições organizadas no Egipto após a revolução que fez cair Hosni Moubarak, no início de 2011. O ministro Boraie explicou que a interdição agora anunciada “aplica-se a todas as organizações ligadas à Irmandade Muçulmana”. E “nós iremos aplicar estritamente esta lei”.
 
 

Sugerir correcção
Comentar