Governo de Nicolás Maduro promete guardar uma cela para opositor Henrique Capriles
O líder da oposição ao recém-empossado Presidente da Venezuela exigiu uma revisão exaustiva dos resultados eleitorais e foi ameaçado. Um cidadão americano foi detido, acusado de acções de espionagem para depor Governo de Maduro.
Timothy Hallett e Henrique Capriles estariam assim ligados, mesmo que indirectamente, num mesmo objectivo de derrubar o executivo eleito de Maduro, segundo o Governo.
“A missão era levar-nos a uma guerra civil”, afirmou o ministro do Interior, Miguel Rodríguez, referindo-se a Timothy Hallet, que acusa de estar ao serviço da agência de espionagem dos Estados Unidos. Hallett foi detido no aeroporto de Caracas na quarta ou quinta-feira (a data exacta varia de acordo com a fonte), quando se preparava para sair da Venezuela, depois de o pai o aconselhar a partir face ao aumento da tensão pós-eleitoral.
Familiares e amigos de Timothy Hallett disseram à Associated Press que ele tem estado no país no último ano a realizar um documentário. “Eles não têm um agente na CIA sob custódia. Eles não têm um jornalista sob custódia. Eles têm um miúdo com uma câmara”, afirmou o seu amigo e associado Aengus James.
A tensão ressurgiu nestes dois últimos dias, depois de uma aparente acalmia durante a qual Maduro tomou posse e garantiu a realização de uma auditoria aos resultados contestados pela oposição de Capriles, mas num formato em que este não concorda e que ameaça boicotar não participando nela.
Capriles, derrotado por apenas 2% dos resultados, apurou as suas exigências nesta quinta-feira, explicando que quer um escrutínio exaustivo dos registos de assinaturas e impressões digitais dos eleitores que permita despistar eventuais casos de pessoas que votaram mais do que uma vez ou em nome de pessoas já falecidas. E diz que pode levar a sua contestação aos tribunais.
O conselho eleitoral não respondeu às novas exigências de Capriles. Quando aceitou avançar para uma auditoria aos resultados, o Governo de Maduro disse que estes eram “irreversíveis”. Esta semana, avançou com um inquérito parlamentar sobre os protestos pós-eleitorais em que nove pessoas morreram e 78 ficaram feridas, para apurar se Capriles deve ou não ser responsabilizado.
De Capriles, o presidente da Assembleia Nacional, onde decorre o inquérito, diz ser um “fascista assassino”. “As mortes [por ele] ordenadas não podem ficar impunes”, escreveu Diosdado Cabello no Twitter nesta quinta-feira, citado pelo jornal britânico The Guardian. “As investigações vão avançar.”
Enquanto avançam, também a ministra Iris Valera, com a pasta do sistema prisional, não parece ter dúvidas e acusa Capriles de ser “o autor intelectual destes crimes”, e promete guardar uma cela na prisão para ele.