Governo da Guiné-Bissau não se limita ao PAIGC

Entrada em funções do executivo liderado por Simões Pereira completa formalmente regresso à democracia, após o golpe de 2012. Pasta da Defesa foi entregue a uma médica militar.

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Primeiro-ministro Simões Pereira foi secretário executivo da CPLP Carla Rosado/Arquivo-

Entre os 16 ministros e 15 secretários de Estado do Governo liderado por Domingos Simões Pereira – cuja composição foi na tarde desta sexta-feira anunciada por decreto presidencial – está o secretário-geral do PRS, Florentino Pereira, como ministro da Energia e Indústria.

A segunda figura do excecutivo é Baciro Djá, ministro da Defesa do primeiro-ministro Gomes Júnior, derrubado há dois anos pelos militares, que ocupará a pasta da Presidência e Assuntos Parlamentares.O ministro da Economia e Finanças é Geraldo Martins, ministro da Educação entre 2001 e 2003 e quadro do Banco Mundial. Os Negócios Estrangeiros foram confiados a Mário Lopes da Rosa, membro do PAIGC e ministro das Pescas do governo de transição, que agora cessa funções.

A delicada pasta da Defesa foi entregue a uma mulher, Cadi Mané, médica militar. Carmelita Pires, do pequeno Partido Unido Social-Democrático, que se distinguiu no combate ao narcotráfico, regressa ao cargo de ministro da Justiça, que ocupou entre 2007 e 2009.

Na campanha eleitoral, o primeiro-ministro Simões Pereira, 50 anos, antigo secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, tinha confidenciado a intenção de incluir no Executivo políticos não pertencentes ao PAIGC, que nas eleições do passado mês de Abril elegeu 57 dos 102 deputados da Assembleia Nacional Popular.

“Com a minha tomada de posse começa a tocar no sentido regressivo o relógio do período que pedimos para, em quatro anos mudarmos a sorte e o destino desta nação. Que Deus nos ajude e abençoe a Guiné-Bissau”, disse, citado pela agência guineense ANG, na quinta-feira, quando foi empossado.

O Presidente da República, José Mário Vaz, pediu-lhe “acção urgente” para retirar da “insustentável letargia” em que se encontra um país que, nos últimos anos, foi notícia quase só por más razões – pela violência político-militar, por assassinatos e golpes de Estado e por se ter tornado plataforma do tráfico internacional de droga. Para o regresso à democracia contribuíram a pressão internacional, o isolamento das autoridades pós-golpe e as dificuldades financeiras.

Um das incertezas do processo político guineense continua a ser o relacionamento entre o poder político e os militares que há dois anos derrubaram o Governo constitucional do então primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, Cadogo, à época líder do PAIGC, num golpe liderado por António Indjai, que permanece na chefia das Forças Armadas. Na campanha eleitoral Simões Pereira procurar tranquilizar a cúpula militar anunciado que não haveria “caça às bruxas”.  

 Gomes Júnior, que tinha vencido a primeira volta das presidenciais, está exilado e viu a sua candidatura presidencial inviabilizada pelo partido a que pertence, para não hostilizar a hierarquia militar. Do seu governo fazia parte, como ministro das Finanças, o novo Presidente da República, José Mário Vaz, que tomou posse na semana passada.

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