EUA acusaram formalmente ex-espião que divulgou programas da Agência Nacional de Segurança

Edward Snowden está refugiado em Hong Kong desde 20 de Maio e foi agora acusado de espionagem, roubo e uso inapropriado de informações do Governo.

Muitos consideram Snowden um herói mas também há quem o considera um traidor
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Muitos consideram Snowden um herói mas também há quem o considera um traidor Mario Tama/AFP
Edward Snowden trabalhava para a Agência Nacional de Segurança
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Edward Snowden trabalhava para a Agência Nacional de Segurança Laura Poitras/The Guardian/Reuters

De acordo com as informações avançadas pelo jornal The Washington Post, as autoridades de Hong Kong já têm a ordem de detenção de Edward Snowden. Contudo, até agora não se pronunciaram publicamente sobre o assunto, diz a Reuters.

Os procuradores dos Estados Unidos acusam o antigo funcionário da CIA de espionagem, roubo e uso inapropriado de informações do Governo, depois de ter fornecido várias informações a dois jornais: o Washington Post e o britânico The Guardian.

A Administração Obama já veio condenar a divulgação das informações por parte destes jornais, com o Presidente dos Estados Unidos a defender a legalidade e utilidade dos programas em curso, garantindo que apenas visam garantir a segurança do país e dos cidadãos e que não violam a vida privada de ninguém.

Após a detenção, o próximo passo será o pedido, por parte dos Estados Unidos, da extradição de Edward Snowden – que já disse querer ser julgado nesta região administrativa chinesa ou pedir asilo a outros países. Porém, apesar de existir um acordo de extradição entre os Estados Unidos e a China, Pequim poderá optar por exercer o seu direito de veto.

A divulgação do programa PRISM
Edward Snowden, que acaba de fazer 30 anos, já assumiu a responsabilidade pela divulgação das informações sobre os programas de vigilância interna da Agência Nacional de Segurança, justificando que não quer viver num mundo em que se exploram este tipo de informações. A fuga de informação expôs a existência do programa PRISM, através do qual a agência norte-americana recolhe dados de empresas de telecomunicações, como a Verizon, e de gigantes tecnológicos, como a Microsoft, Apple, Google e Skype e ainda de redes sociais, incluindo o Facebook.

Segundo o informático, a população está completamente indefesa perante a sofisticação do programa. “As pessoas não têm noção do que é possível fazer: a extensão das capacidades [da agência] é horripilante. Nós podemos plantar escutas dentro das máquinas. Quando você aceder à rede, eu identifico a sua máquina, e você nunca mais estará a salvo, independentemente das protecções que usar”, disse ao Guardian.

Além de falar das suas razões – pessoais e políticas – para divulgar publicamente os programas secretos da Agência Nacional de Segurança, Edward Snowden informa por que prescindiu da protecção do anonimato e quis ter a sua identidade revelada como o responsável pela fuga de informação. “Não tenho nenhuma intenção de esconder quem sou porque sei que não fiz nada de errado.” Ainda assim, procura proteger a família e conhecidos, assegurando que ninguém tinha conhecimento das suas acções e lamentando o que, antevê, será a resposta “agressiva” das autoridades.

Além do Facebook, algumas das empresas referidas
já vieram afirmar que não deram acesso directo aos dados dos seus clientes mas avançaram com informações com base no que a lei norte-americana determina. Segundo Snowden, a Agência de Segurança "construiu uma infra-estrutura que lhe permite interceptar quase tudo”, como obter informação relativa a emails, palavras-passe, registos telefónicos ou cartões de crédito.

Também a Microsoft confirmou que recebeu 6000 a 7000 pedidos de dados relativos a universo de 31 mil a 32 mil contas por parte das autoridades dos Estados Unidos. O vice-presidente da Microsoft, John Frank, citado pela BBC, considera que o Departamento de Justiça e o FBI devem tomar medidas que ajudem a esclarecer a opinião pública sobre questões como o acesso a dados pessoais em redes sociais ou em empresas. “A transparência por si só pode não ser suficiente para restaurar a confiança do público, mas é um bom ponto de partida”, defendeu.
 

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