Estão apaixonadas por padres e pedem ajuda ao Papa

Numa carta enviada a Francisco, mulheres pedem que a Igreja reveja a disciplina do celibato.

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Adriano Miranda

As mulheres, todas a viver em Itália, afirmam na carta a Francisco que estão a passar por um “sofrimento devastador” devido às leis da Igreja Católica, que impedem os padres de ter relações sexuais e de casar. Na missiva, citada pelo site do Vatican Insider, as subscritoras sublinham o amor que têm pelos sacerdotes.

“Amamos estes homens e eles amam-nos”, afirmam, apelando depois ao Papa que reveja a questão do celibato, uma disciplina milenar. “Com humildade, colocamo-nos aos vossos pés o nosso sofrimento para que alguma coisa mude, não apenas para nós mas pelo bem de toda a Igreja”, escrevem na carta assinada com 26 primeiros nomes e com a primeira letra do seu apelido. Algumas das mulheres deixaram ainda o seu número de telefone, diz o Vatican Insider.

A Francisco pedem que “abençoe” o seu amor, lamentando que poucos conseguem compreender o “sofrimento devastador vivido por uma mulher que tem um forte amor por um padre”.

Ao Papa garantem que os seus padres continuariam a servir a Igreja “com uma paixão maior” se fossem apoiados por mulheres que os amam e pelas crianças. Na sua opinião, esta situação seria muito melhor do que uma “vida de contínua clandestinidade, com a frustração de um amor incompleto”.

Na carta, as 26 mulheres pedem um encontro com Francisco para explicarem pessoalmente a sua situação, que ou termina com os padres a deixarem o sacerdócio ou a continuarem a viver uma relação em segredo.

A questão do celibato tem vindo a ganhar destaque nas últimas décadas, com o Vaticano a sofrer pressões para rever a tradição. Segundo as normas eclesiásticas, um padre deve dedicar-se totalmente à sua vocação, tendo apenas a Igreja como sua mulher e ter como objectivo máximo o cumprimento da sua missão.

O Vatican Insider recorda a posição do Papa Francisco sobre este tema, quando o abordou com o rabi Abraham Skorka, ainda como Jorge Bergoglio, numa conversa mais tarde publicada em livro (No Céu e na Terra, 2010). Apesar de reconhecer que o celibato tem sido alvo de várias discussões, o Papa afirma que a “disciplina do celibato permanece como está”. “Alguns dizem com pragmatismo que estamos a perder poder masculino. Se, por uma questão de argumento, o catolicismo ocidental reviu a questão do celibato, penso que o fez por razões culturais (como no Oriente) e não tanto como uma opção universal”.

“Por agora, sou a favor da manutenção do celibato, com todos os prós e contras, porque em dez séculos acontecerem mais experiências positivas que erros”, defendeu na altura.

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