Espionagem americana acede "sistematicamente" a registos telefónicos de milhares de cidadãos franceses

Governo francês tardou a reagir, denuncia o Le Monde, mas agora pede explicações.

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Em 30 dias, a NSA acedeu a 70,3 milhões de registos telefónicos em França AFP

"Segundo os documentos da Agência de Segurança Nacional, obtidos pelo Le Monde, as comunicações telefónicas de cidadãos franceses são interceptadas de forma maciça", diz o jornal, que questiona a forma discreta (ou nula) como o Governo francês reagiu a estas revelações, quando soube delas, quando comparado com outros países, por exemplo o Brasil.

Já na manhã desta segunda-feira, e depois de a notícia ter sido divulgada, o ministro do Interior, Manuel Valls, disse querer explicações. E a AFP revelou que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, já contactou os embaixadores (o francês em Washington e o americano em Paris) para obter esclarecimentos.

“Convoquei imediatamente o embaixador americano que será recebido ainda esta manhã no Quai d’Orsay [Ministério dos Negócios Estrangeiros]”, disse Fabius. "Este tipo de práticas que põem em causa a vida privada é totalmente inaceitável entre parceiros."

A notícia surge poucos dias depois de a revista alemã Der Spiegel e o jornal britânico The Guardian terem revelado que a NSA espiou as missões da União Europeia e representações diplomáticas de vários países europeus em Washington e Nova Iorque. Nessa altura, o Presidente François Hollande pediu aos Estados Unidos para suspenderem essas actividades e disse que não aceitará "este tipo de comportamento".

Entre os documentos obtidos pelo Le Monde está um gráfico que mostra a dimensão da operação da NSA em França - num período de 30 dias, de 10 de Dezembro de 2012 a 8 de Janeiro de 2013, a NSA acedeu a 70,3 milhões de dados telefónicos de franceses. O gráfico revela que há uma média de três milhões de intercepções por dia.

A França não é o país onde se realiza um maior número de intercepções. O sistema Boundless Informant (informador universal), cuja existência foi revelada em Junho por Edward Snowden (o antigo analista informático da NSA que se encontra exilado na Rússia), permitiu perceber a dimensão da operação em todo o mundo e os diferentes sistemas de escutas. Na Europa, só a Alemahha e o Reino Unido ultrapassam a França em número de escutas de que foram alvo; no Reino Unido parte delas foram feitas com a colaboração ou consentimento dos serviços secretos britânicos.
 
 
 
 
 
 
 
 

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