Refugiados: Alemanha reintroduz controlos de fronteira com a Áustria
Foi interrompido o tráfego ferroviário entre os dois países. Só no sábado chegaram a Munique mais de 13.000 pessoas. Na Hungria, mais de 4300 refugiados passaram a fronteira.
A companhia ferroviária estatal austriaca anunciou entretanto que deixaram de circular comboios entre os dois países. Um porta-voz do Governo austríaco citado pela Deutsche Welle disse que 6000 pessoas tinham entrado no país este domingo, e que até ao fim-do-dia dez mil podem fazê-lo.
Sábado foi até agora o dia com a maior entrada de migrantes na Hungria: 4330 pessoas cruzaram a fronteira, numa corrida contra-relógio, antes de dia 15, quando entra em vigor a nova legislação recém-aprovada com novas medidas punitivas para quem tentar cruzar a fronteira sem autorização.
As autoridades de Munique tinham já dado o alerta para o facto de estarem a chegar ao fim as suas capacidades de acolhimento. A cidade alemã chegou ao “limite extremo” das suas possibilidade de acolher refugiados um dia depois da chegada de mais de 13 mil pessoas. Este domingo já chegaram mais 3000 pessoas, diz a Reuters.
“Tendo em conta os números registados ontem [sábado] torna-se claro que chegámos ao extremo limite das nossas capacidades” para lidar com aqueles que requerem asilo e que chegam desde os Balcãs, via Hungria e Áustria, declarou um porta-voz da direcção da polícia de Munique.
Começarão a ser feitas verificações logo à entrada para perceber quem poderá pedir asilo - embora não seja explicado como isso será feito, salienta a BBC, citando um jornal de Munique. O ministro do Interior alemão dará, no entanto, uma conferência de imprensa ainda esta tarde.
O número de chegadas verificadas no sábado está próximo daquele que foi registado também em Munique no dia 6 de Setembro, quando o governo alemão decidiu abrir as portas do país aos refugiados que fogem da guerra e de perseguições, nomeadamente da Síria.
Alguns dos refugiados que chegaram durante a madrugada deste domingo viram-se obrigados a dormir ao relento uma vez que os centros de acolhimento se encontram lotados. “Hoje o objectivo é continuar a transportar o maior número possível” de refugiados em direcção aos centros no resto país, “de forma a criar espaço para novas chegadas”, acrescentou fonte policial.
A falta de espaço na cidade já levou as autoridades a ponderarem requisitar o Estádio Olímpico, onde tiveram lugar os Jogos de 1972, para o alojamento temporário de refugiados.
Já na Hungria registou-se este sábado um novo número recorde de chegadas de migrantes. No total, 4330 migrantes entraram no país, segundo dados da polícia húngara. O valor mais alto registado anteriormente, na passada terça-feira, tinha sido de 3601 pessoas.
Para este domingo as autoridades da Hungria prevêem um fluxo contínuo de chegadas mas, de acordo com a AFP, a situação mantinha-se calma durante a manhã, com os migrantes a conseguirem sair do país de comboio ou de carro em direcção à Áustria.
Estas entradas de migrantes acontecem numa altura em que se aproxima a data anunciada pela Hungria para selar a sua fronteira com a Sérvia relativamente à imigração clandestina. Segundo as autoridades, a partir da próxima terça-feira, 15 de Setembro, a passagem não autorizada pela vedação de arame farpado com 175 quilómetros de comprimento, que o país instalou, será punida com pena de prisão. Para além disso, o recurso às forças militares será autorizado na zona.