Quando uma equação diferencial levanta suspeitas de terrorismo
Descolagem de avião da American Airlines em Filadélfia foi interrompida porque mulher desconfiou de economista italiano.
Quando um avião da American Airlines se preparava para descolar da pista do aeroporto de Filadélfia, rumo a Syracuse (Nova Iorque), uma das passageiras estranhou o facto de o seu vizinho – de pele morena e cabelos castanhos encaracolados – estar a rabiscar freneticamente numa folha de papel. As sequências de números e letras pareceram-lhe ser árabe. E mandou parar o aparelho por recear estar perante um terrorista.
Fingindo sentir-se mal, a mulher chamou a hospedeira e o avião, que já se encontrava na pista, voltou para trás. Uma vez no exterior, revelou aos seguranças do aeroporto a sua suspeita e pediu para mudar de voo.
Os seguranças retiraram o passageiro suspeito do aparelho e interrogaram-no, concluindo que se tratava de Guido Menzio, um prestigiado economista italiano que dá aulas na Universidade da Pensilvânia, e que viajava para dar uma conferência no Candá. Tinha aproveitado os momentos antes da descolagem para resolver um problema matemático.
Menzio contou o sucedido a alguns jornais norte-americanos, revelando que quando lhe pediram para sair do avião pensava que era para tentar perceber as razões do mal-estar da pessoa que viajava ao seu lado. Afinal, ficou a saber que a sua vizinha suspeitava que ele era um terrorista, porque estava escrever umas coisas aparentemente estranhas num bloco.
Foi então que lhes mostrou a equação diferencial que estava a resolver, para preparar uma conferência onde ia falar sobre dispersão de preços. Afinal, os caracteres suspeitos eram a universal linguagem matemática.
O economista – que no ano passado ganhou o prémio Carlos Alberto Medal que é atribuído ao melhor economista italiano com menos de 40 anos – contou ao Washington Post que foi tratado correctamente pelos agentes que o interrogaram, acrescentando que reconhecia neste género de incidentes “o sentimento que guia os eleitores de Donald Trump”, com o seu discurso anti-imigrantes e anti-muçulmano.
Questionado pela AFP, um porta-voz da American Airlines não soube dizer se o número de incidentes semelhantes a este aumentou nos últimos meses. Ainda no mês passado, um estudante iraquiano foi retirado de um avião de uma outra companhia aérea norte-americana, porque estava a falar ao telefone em árabe antes de o avião descolar.