Dinamarca anuncia controlos de fronteira contra imigrantes e tráfico ilegal
Novo Governo dinamarquês quer agradar aos populistas e fortalecer a fronteira com a Alemanha. Mas assegura que está a cumprir as regras de Schengen.
As medidas foram anunciadas esta terça-feira por Kristian Jensen, o ministro dos Negócios Estrangeiros do novo Governo dinamarquês, que tomou posse no domingo. Jensen comunicou as novas medidas ao seu homólogo alemão num encontro em Berlim, que as terá “recebido positivamente”, segundo o dinamarquês.
A Dinamarca está a ser cuidadosa para não violar as regras de livre circulação do tratado de Schengen e repetir o que aconteceu em 2011. Nesse ano, num executivo também comandado pelo Partido Liberal, a Dinamarca instaurou por pouco tempo a paragem e revista de veículos na fronteira, o que valeu ao Governo dinamarquês um confronto com a Comissão Europeia.
Desta vez, a Dinamarca assegura que está a seguir as regras. “O reforço do controlo fronteiriço acontecerá nos moldes de Schengen", disse o ministro dinamarquês à Reuters. "Queremos fazer com que seja difícil para os criminosos entrarem, mas que continue a ser fácil para as empresas", concluiu. No entanto, o porta-voz do seu gabinete disse à AFP que estão previstas paragens de veículos já em território dinamarquês.
Esta decisão vale, sobretudo, pela saúde da aliança parlamentar que o novo Governo dinamarquês, por ser minoritário, tem de manter com os populistas. “Quaisquer novos controlos serão sobretudo simbólicos e difíceis de impor no tráfego livre e de várias faixas que atravessa Jutland, a única parte da Dinamarca que está ligada por terra ao continente europeu”, escreve a Reuters.
O novo Governo dinamarquês chegou ao poder com um mandato anti-imigração. Os Liberais querem reduzir os gastos relacionados com a imigração e apertar as regras de residência no país. Mas são os populistas, o segundo partido mais votado no Parlamento, quem põe a tónica nas fronteiras fechadas. O anúncio desta terça-feira parece querer sobretudo agradar a essa bancada, que foi também quem fez pressão pelas medidas fronteiriças de 2011.
Pressão populista
Não havendo partidos de maioria, os governos dinamarqueses organizam-se à volta de coligações e alianças parlamentares que muitas vezes contrariam a lógica do partido mais votado. Isto tornou-se evidente nas eleições do dia 18 de Junho. Os social-democratas da primeira-ministra cessante, Helle Thorning-Schmidt, melhoraram o seu resultado eleitoral como o partido mais votado, com 26,3% dos votos. Mas o bloco de partidos do centro-esquerda que lideravam elegeu menos um deputado do que o bloco oposto, de direita, 89 contra 90.
O Partido Liberal de Lars Løkke Rasmussen foi a grande desilusão das urnas. Foi terceiro, ultrapassado pelo Partido Popular Dinamarquês, anti-imigração, que conseguiu o segundo lugar. Apesar do ter conseguido o melhor resultado no bloco da direita, os populistas escolheram ficar de fora do Governo. Assim, mantêm a influência parlamentar sem arriscarem a independência partidária.
Ficou Rasmussen à frente do Governo. No domingo, o novo primeiro-ministro dinamarquês anunciou o seu Governo minoritário, composto apenas pelos Liberais. Quer isto dizer que, de cada vez que o Governo queira aprovar nova legislação, terá de consultar os aliados no parlamento. Sobretudo os populistas, que, no seu discurso de vitória eleitoral, alinharam as suas prioridades. Entre elas: reintroduzir postos fronteiriços.