Deputada venezuelana da oposição Maria Corina Machado destituída do cargo

O afastamento da deputada foi anunciado pelo número dois do chavismo, Diosdado Cabello, que informou que a deputada da oposição poderia ser detida a qualquer momento.

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Maria Corina Machado dirigiu-se aos seus apoiantes depois de regressar a Caracas AFP/Federico Parra

Foi o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, número dois do chavismo, quem informou que Maria Corina Machado tinha “perdido a sua condição de deputada”, Em causa está o facto de a deputada ter sido acreditada como representante alternativa pelo Panamá junto da Organização dos Estados Americanos. Machado foi convidada por aquele país, no início do mês,  a fazer uma intervenção ao conselho permanente desta organização com sede em Washington – e integrada na delegação oficial do Panamá.

“Essa senhora aceitou o cargo, não estamos a falar de algo acidental. Não voltará a entrar como deputada nesta Assembleia”, declarou Cabello, que já tinha manobrado no sentido de retirar a imunidade parlamentar à deputada, acusada de conspiração e promoção de violência política. Agora, o presidente da Assembleia Nacional disse que pretende apresentar uma queixa por traição à pátria contra Machado, e acrescentou que a opositora poderá ser detida a qualquer momento.

Mas Maria Corina disse aos seus apoiantes que não reconhecia a directiva da Assembleia Nacional, que classificou como ilegal, e garantiu que tencionava continuar a exercer as funções parlamentares para que foi eleita. “Sou deputada por decisão do povo da Venezuela e não deixarei de sê-lo por decisão de Diosdado Cabello. A destituição de um deputado só procede em casos de morte, de renúncia ou de revogação por sentença definitiva de um tribunal da República”, declarou aos manifestantes que a aguardavam na praça Brion de Cacaíto de Caracas – uma espécie de linha invisível de fronteira entre os sectores de oposição e do regime na capital.

“Continuaremos a luta até conquistarmos a democracia e a liberdade”, prometeu Maria Corina Machado, que se converteu no principal rosto da oposição ao Presidente Nicolás Maduro depois da detenção do líder do partido Vontade Popular, Leopoldo López, que foi pessoalmente responsabilizado pela violência das manifestações contra o regime do início de Fevereiro.

EUA encaram sanções

Esta quinta-feira em Washington, a subsecretária de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson, não pôs de parte a imposição de sanções à Venezuela pelos Estados Unidos, se o Governo de Caracas continuar a “restringir” o espaço democrático à oposição. “As sanções são ferramentas importantes e se não houver nenhum movimento, nenhuma possibilidade de diálogo nem nenhum espaço democrático para a oposição, claro que teremos que pensar nisso”, admitiu a governante, citada pela Associated Press.

Vários legisladores do Congresso norte-americano apresentaram propostas para a aplicação de sanções aos responsáveis políticos venezuelanos que estejam ligados a acções de violação dos direitos humanos. Até agora, a Administração Obama não se tinha pronunciado sobre essa possibilidade – e apesar de não excluir a hipótese, Jacobson disse que Washington só agirá em concertação com os aliados regionais.

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