Custo do acidente nuclear de Fukushima pode chegar aos 100 mil milhões de euros

Foto
Central de Fukushima Daiichi ficou danificada após o tsunami de 11 de Março de 2011 Foto: Pool/Reuters

A Tepco, empresa gestora da central nuclear de Fukushima atingida pelo terramoto e tsunami que abalaram o Japão a 11 de Março de 2011, diz que poderão ser precisos 100 mil milhões de euros para reparar os estragos. Este valor, o dobro do estimado inicialmente, inclui a descontaminação da zona e as indemnizações às vítimas.

Segundo a imprensa japonesa, a empresa prepara-se para pedir ao Governo que cubra parte dos custos. Esse pedido deverá ser feito nesta quarta-feira, dia em que a Tepco apresenta o plano de gestão para os próximos dois anos.

“Precisamos de discutir com o Governo as necessidades tendo em conta os vários cenários”, disse o presidente da Tepco, Kazuhiko Shimokobe, quando questionado por um jornalista sobre o risco de duplicação dos custos previstos inicialmente pelo grupo.

“Neste momento ainda não sabemos qual será o custo total, porque os valores necessários para a descontaminação e as compensações às vítimas são calculados por trimestre, mas se ultrapassar os cinco mil milhões de ienes (48,5 mil milhões de euros), a empresa vai ter problemas”, disse Kazuhiko Shimokobe, citado pela AFP.

A Tepco foi nacionalizada no Verão, com o Estado japonês a injectar mais de dez mil milhões de euros. Nessa altura, a empresa estimava que os custos totais da catástrofe rondassem os 48,5 mil milhões de euros, mas agora admite que este montante não é suficiente.

“É inevitável que tenhamos de rever o actual modelo de apoio financeiro”, disse o presidente da Tepco numa conferência de imprensa, nesta quarta-feira. De acordo com o plano de gestão apresentado em Maio, a empresa terá de reembolsar o Estado pelos fundos recebidos.

Mesmo assim, os 100 mil milhões de euros não cobrem os custos relacionados com o desmantelamento dos quatro reactores nucleares danificados na central de Fukushima Daiichi. Esta operação vai durar cerca de 40 anos e exige o desenvolvimento de novas tecnologias e a formação de milhares de técnicos especializados.

A catástrofe nuclear de Fukushima, considerada a mais grave desde Tchernobyl, na Ucrânia, em 1986, libertou radioactividade para o ar, para a água e os solos da região. Cerca de 150 mil pessoas, que moravam a 20 quilómetros da central ou em localidades contaminadas, foram forçadas a abandonar as suas casas devido aos riscos para a saúde.
 

Sugerir correcção
Comentar